08/01/2020

Ruy Pedroso: no dia do fotógrafo, cosmopolense comenta sobre carreira e conquistas

Ruy é um dos fundadores do ‘Fotocineclube Foto in Foco’ em Cosmópolis

Letícia Leme 

“Uma foto é tanto uma pseudopresença quanto uma prova de ausência. Como o fogo da lareira num quarto, as fotos — sobretudo as de pessoas, de paisagens distantes e de cidades remotas, do passado desaparecido — são estímulos para o sonho”, é o que diz a escritora  Susan Sontag no livro ‘Sobre Fotografia’.

Foto: Ruy Pedroso

É provável que você tenha o retrato de alguém amado em casa, capaz de lhe tirar suspiros e causar saudades. Em um instante é possível viajar para o momento em que ela foi tirada. E sinceramente, aí está a magia da fotografia: colecionar lembranças e eternizar vivências, desde as coisas mais ínfimas até aquelas que carregam valor inestimado.

Nesta quarta-feira (08) se comemora o dia do Fotógrafo e da Fotografia. Para tanto, a equipe de reportagem do Portal Cosmopolense entrevistou o fotógrafo Ruy Pedroso, um dos fundadores do ‘Fotocineclube Foto in Foco’ de Cosmópolis e apaixonado pelo o que faz. Fotógrafo ‘desde o útero da mãe’, ele revela os momentos marcantes da carreira e destaca as facetas da fotografia.

Confira a entrevista na íntegra:

Há quanto tempo você é fotógrafo? Bom, eu acho que eu já nasci fotógrafo. Comecei a trabalhar aos 13 anos, e com meu primeiro salário eu comprei uma câmara fotográfica (aquelas da Kodac) de filme de  35mm, era bem pequeno o filtro e eu saí fotografando tudo.

Qual foi seu primeiro contato com a fotografia? O que te motivou a seguir a profissão? Meu contato com a fotografia profissional aconteceu em 2001, em Nova York, quando eu ingressei na faculdade de fotografia. O que me motivou a seguir a profissão foi a paixão pela fotografia e eu vi que eu poderia ganhar dinheiro fazendo aquilo que eu mais gostava, que era fotografar.

Quais foram os trabalhos mais importantes da sua carreira até o momento? Bom, acredito que os meus trabalhos mais importantes são aqueles que são reconhecidos, que são publicados, que te dão dinheiro. Eu tenho algumas fotos publicadas em algumas revistas americanas, dois casamentos de pessoas famosas que eu fotografei em Nova York e que saiu na The New York Times, no News Paper. Eles deram os créditos das fotos que foram feitas desses dois casamentos a mim como fotógrafo da cerimônia. Outras fotos autorais que eu fiz, que foram vendidas em Nova York e que deu um bom dinheiro. Um outro trabalho muito importante que a gente está desenvolvendo aqui em Cosmópolis desde que a gente chegou (2017), foi a criação do Fotocineclube Foto In Foco, isso me dá muito prazer e a gente pode fazer muita coisa, acredito que ele possa enriquecer a cultura de Cosmópolis.

Foto: Ruy Pedroso

“Fotografia é uma constante observação, nunca inocente, sempre tem alguma coisa atrás dela”, Ruy 

Como a fotografia pode interferir socialmente em uma cidade? Eu acho que o que a gente está fazendo aqui em Cosmópolis com o fotoclube é exatamente isso. A fotografia é uma ferramenta poderosa de comunicação. Seja individual ou coletiva. No nosso caso, enquanto fotoclube, é coletiva já que está levando um pouco de cultura, ensinando fotografia, mostrando como se faz, criando eventos. A partir daí as pessoas aprendem com isso, e eles fazem denúncias de coisas que estão erradas e falam sobre coisas boas que estão acontecendo, que é a parte criativa. Com a fotografia é possível desenvolver essa sensibilidade nas pessoas para ver o que está acontecendo ao seu redor. A fotografia interfere muito na cidade, a partir do momento que você tenha pessoas ligadas, observando ao seu redor. Fotografia é uma constante observação, nunca inocente, sempre tem alguma coisa atrás dela.

O que mais lhe emociona na fotografia? Como já diz o ditado “uma foto vale mais que mil palavras”, e tem fotos que você não precisa do fotógrafo para te explicar o que eles estava sentindo na hora da captura da imagem. Tem imagem que fala por si próprio e é isso que me emociona: o poder de ver e sentir os sentimentos do fotógrafo, através de uma foto. Como diz Ansel Adams, um fotógrafo americano, você não tira uma foto, você cria uma foto.

Tem algum fotógrafo em quem você se inspira? Qual e por quê? São vários, a lista é muito grande e vai lá na época da faculdade em que se estuda a linguagem fotográfica de cada fotógrafo. Eu vou falar de um fotógrafo que me inspira e muito, toda vez que eu converso com ele é uma aula de vida, uma aula de fotografia que ele passa. Sérgio Jorge, é de Amparo (SP), porém passou a vida inteira na capital de São Paulo trabalhando. Ele trabalhou nas revistas regionais famosas paulistas. Ele é fotojornalista e tem 60 anos de fotojornalismo, inclusive ano passado ele lançou um livro de foto sobre os 60 anos de profissão.

Fotógrafo brasileiro Sérgio Jorge

“Se você não tem uma fotografia, você não tem uma história”, Sérgio Jorge

Ele tem uma foto premiadíssima dos anos 60, que desde a primeira vez que eu vi essa foto eu chorei e até hoje toda a vez que eu vejo eu me emociono. A foto faz isso com você, a foto tem muito sentimento, tem muita expressão e toda a vez que você olha para essa foto você não precisa falar nada, ela se fala totalmente para você.

Fotografia mencionada por Ruy

Defina a fotografia e a importância dela? Fotografia para mim é uma paixão e  a importância dela é que fotografia pode eternizar um momento. Você pode ver uma foto que você tirou hoje, que daqui 20 anos você vai lembrar daquele momento exatamente como aconteceu. Usando uma frase desse meu amigo Sérgio Jorge que eu acabei de falar, ele diz “se você não tem uma fotografia, você não tem uma história”, e é muito triste você não ter uma história.

Quais as características de um ‘bom fotógrafo’? Eu acho que em primeiro lugar você tem que estar sempre com os olhos abertos, tem que ser uma pessoa muito observadora. Tudo acontece muito rápido e você precisa estar sempre observando para ver o que está acontecendo ao seu redor. Além disso, você precisa ser muito paciente, ter um olhar aguçado, estudar muito e praticar, já que a fotografia nada mais é do que prática. Conhecer o trabalho e a linguagem de outros fotógrafos, que através deles você vai aprender muito e vai servir de muita inspiração. Além da prática você precisa estudar o que os outros estudaram no passado para entender como a fotografia chegou aonde está hoje.

Como e quando nasceu o ‘Fotoclube’ em Cosmópolis? Ele foi criado depois de uma oficina de fotografia na Secretaria de Cultura de Cosmópolis, onde os participantes queriam formar um grupo para saídas fotográficas e para trocas de dicas sobre fotografia, porque tinham pessoas desde iniciantes/amadores até profissionais. Essa oficina foi organizada para os participantes se atualizarem e fazerem um network. Conheci essas pessoas e conversando vimos que queríamos montar uma coisa em termos de grupo de saída. Então uma pessoa sugeriu um fotoclube, perguntou se a gente conhecia como funcionava, e essa pessoa deu algumas informações para a gente porque ela já havia participado de um. Eu corri atrás dessas informações para a criação do fotoclube, trouxe para esse grupo, eles gostaram da ideia e nós decidimos no coletivo em montar um fotoclube. Ele foi criado dia 04 de dezembro de 2017. Em dezembro de 2019, o fotocineclube completou dois anos de atividade aqui em Cosmópolis.

Qualquer um pode participar do ‘Fotoclube’? Quais são os requisitos? Bom, o Fotocineclube Foto in Foco é uma associação sem fins lucrativos, de caráter organizacional, recreativo e educacional. Sem cunho político ou partidário, com finalidade de atender a todos independente de classe social, nacionalidade, sexo, raça, cor ou crença religiosa. O principal objetivo é apoiar e divulgar a arte fotográfica, disseminar conhecimento fotográfico, cinematográfico e vídeos aos seus membros e a comunidade em geral. Através de atividades culturais, educacionais, tais como cursos, seminários, palestras, exposições fotográficas. Com tudo isso dito, os requisitos para participar são: ser apaixonado por fotografia, iniciante, amador, profissional; gostar de fazer saídas fotográficas em grupos; participar de concursos fotográficos e bienais de fotografias. Temos em nosso grupo pessoas aposentadas que participam de tudo. É um grupo de amigos fotógrafos que trocam ideias e dão cursos. Basta gostar de fotografia, esse é o requisito primordial para fazer parte do fotoclube.

Para encerrar Ruy, eu gostaria de propor uma reflexão. A escritora Susan Sontag no livro ‘Sobre Fotografia’ pondera o seguinte: “A necessidade de confirmar a realidade e de realçar a experiência por meio de fotos é um consumismo estético em que todos, hoje, estão viciados. As sociedades industriais transformam seus cidadãos em dependentes de imagens; é a mais irresistível forma de poluição mental”. Você concorda com esse pensamento, enquanto fotógrafo e ‘consumidor’ de fotografias? Eu acho que devido as mídias sociais e ao celulares todos se intitulam fotógrafos. Acho isso péssimo pois outro dia fui fotografar um evento o qual foi muito interessante fiz fotos belíssimas, porem, 2 dias depois, fui entregar o trabalho e a pessoa que me contratou queria um desconto, pois uns amigos fotografaram com celular e ela já tinha postado todas as fotos nas mídias. A tecnologia ta muito rápida não da tempo de processar tudo devido a rapidez de tudo, porem, é como disse no trecho do livro é uma poluição mental realmente. Por isso sou fã do tempo das câmeras analógicas antes era tudo muito pensado não era só apertar um botão.

Foto: Ruy Pedroso

“Sou fã do tempo das câmeras analógicas antes era tudo muito pensado , não era só apertar um botão”, Ruy

Quem é Ruy Pedroso?

Fotógrafo Ruy nasceu em Cosmópolis e se mudou para São Paulo aos 7 anos. Depois de se formar em Administração de Empresas em 1981, Ruy trabalhou em Recursos Humanos por mais de 15 anos. No entanto, seu amor pela fotografia, que começou quando ele tinha cerca de 13 anos, cresceu de um hobby para algo que ele levou muito a sério.

Ele se mudou para Nova York e começou a estudar fotografia no FIT – Fashion Institute odf Technology, onde seu hobby se tornou sua profissão. Ruy começou a fotografar casamentos, aniversários de casamento, ensaios e Book (externos), fotografia  autoral, natureza, documental, shows.

Embora o fotógrafo cosmopolense tenha abraçado a geração digital e adora ver suas fotos instantaneamente, seu aprendizado inicial foi com filme e sua melhor experiência foi quando ele revelou seus primeiros negativos em fotografias reais, algo que ele ainda sente falta até hoje. Depois de viver em Nova York por 21 anos, Ruy voltou ao Brasil e se estabeleceu, mais uma vez, em Cosmópolis.

Em 2017, ele e um grupo de amigos fotógrafos decidiram fundar a Fotocineclube Foto in Foco, uma associação sem fins lucrativos. Seu principal objetivo é promover a fotografia como plataforma de expressão artística, documental e social. Ruy se considera um fotógrafo purista em busca dos detalhes e dos momentos marcantes nas cenas que fotografa.

Ele acredita fielmente que a fotografia deve sofrer o mínimo possível de manipulação e intervenção do fotógrafo, mantendo assim suas peculiaridades a partir do momento da captura, tornando-se a narrativa de um momento único.

Foto: Ruy Pedroso

Contatos:

Você pode seguir os grupos  pelo Facebook e Instagram: @fccfotoinfoco

……………………………………..

Tem uma sugestão de reportagem? Clique AQUI e envie para o Portal Cosmopolense


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.