14/10/2024

ROBERTA CORREA: Um ano da morte que comoveu Cosmópolis

Relembre a cronologia dos acontecimentos envolvendo a fotógrafa que faleceu após passar mal em um procedimento estético e saiba atualizações do processo contra biomédicas envolvidas

Da redação

Há um ano, Cosmópolis se despedia da fotógrafa Roberta Correa, que faleceu após complicações durante um procedimento estético realizado pelas biomédicas Vanuza de Aguilar Takata e Isabella Dourado, no Spazio Di Bellezza Estevan. Além de sua carreira como fotógrafa, Roberta também atuava como Diretora de Comunicação do Clube Cosmopolitano e era produtora musical.

Roberta se submeteu a um procedimento conhecido como “endolaser”, uma técnica minimamente invasiva que utiliza uma fibra óptica extremamente fina no tecido subcutâneo, destinada a reduzir a flacidez e promover o rejuvenescimento da pele.

Durante o procedimento, que requer o uso de anestesia, a fotógrafa passou mal e foi levada inconsciente à Santa Casa de Misericórdia de Cosmópolis, onde passou cinco dias internada até ter morte cerebral decretada. As biomédicas responsáveis pelo procedimento estão respondendo judicialmente pelo caso.

Cronologia

No dia 9 de outubro de 2023, por volta das 10h57, Roberta chegou ao Spazio Di Bellezza Estevan, em Cosmópolis, para realizar o procedimento estético agendado para 11h. Segundo a advogada da família, Paola Eliza Lück de Paula, com base no depoimento da biomédica Vanuza Aguilar, Roberta chegou mais cedo ao local para preencher a ficha de anamnese.

Ainda de acordo com o depoimento, após o início do procedimento e aplicação da anestesia, Roberta começou a reclamar de dores e calafrios. Neste momento, medidas paliativas foram utilizadas para amenizar o desconforto da fotógrafa. Contudo, minutos depois, as biomédicas notaram que Roberta havia adormecido. O socorro foi acionado quando observaram que a fotógrafa começou a convulsionar.

Imagens das câmeras de segurança do local mostraram que a ambulância chegou por volta de 12h20, cerca de 1h20 após Roberta ter chegado ao salão. Na época, o delegado Dr. Fernando Periolo informou que os socorristas levaram apenas três minutos para chegar ao endereço depois do chamado, devido à proximidade com o hospital. O vídeo também mostra Vanuza seguindo a ambulância em seu carro particular, mas não há registro da saída de Isabelle Dourado. Veja:

Roberta foi levada ao hospital em parada cardiorrespiratória e, de acordo com Paola, foi reanimada por 28 minutos, sendo submetida a 13 massagens cardíacas até recuperar os sinais vitais. No entanto, dias após a internação, a fotógrafa teve morte cerebral confirmada. A família anunciou seu falecimento no dia 13 de outubro de 2023 e, no dia 14, os médicos declararam que seu coração havia parado de bater.

O velório de Roberta, que aconteceu nos dias 15 e 16 de outubro, foi realizado no antigo Grêmio Estudantil, alocado à Secretaria de Cultura. Ao término, o corpo da fotógrafa seguiu em um cortejo até o Cemitério Municipal.

Processo judicial 

A advogada Paola explica que o andamento do processo judicial depende de um laudo técnico específico solicitado pelo Ministério Público (MP) a um departamento especializado, o Conselho Arbitral do Estado de São Paulo (CAESP). Esse laudo será crucial para a decisão judicial, pois servirá como prova incontestável sobre a causa da morte de Roberta. Ela menciona que, enquanto as partes envolvidas podem apresentar laudos contraditórios, o laudo do CAESP terá um peso definitivo, eliminando debates entre especialistas.

A demora no processo se deve à complexidade do caso e à alta demanda por análises desse tipo. Paola comenta que a promotoria está aguardando esse laudo para definir se o caso será julgado como homicídio culposo ou doloso.

Em novembro de 2023, Vanuza de Aguilar Takata e Isabella Dourado foram indiciadas por homicídio culposo com dolo eventual (quando não há a intenção de matar, mas se assume o risco) e omissão de socorro. Atualmente, o processo corre em segredo de justiça.

O Portal Cosmopolense procurou a defesa de Vanuza para um posicionamento sobre o caso e recebeu a seguinte nota do advogado João Paulo Sangion:

“Importante esclarecer que não há acusação contra a Sra. Vanuza; o que houve foi uma investigação, por meio de um inquérito policial (já concluído) sobre as causas da morte da vítima. Não houve negligência, já que, como esclarecido, o socorro foi chamado imediatamente após a convulsão que acometeu a Sra. Roberta. Da mesma forma, importante lembrar que a ambulância enviada era apenas de transporte, sem qualquer suporte de UTI, etc. Quanto à anestesia, o laudo necroscópico não apontou superdosagem, e essa informação não existe no inquérito; ao contrário, a perícia apreendeu as ampolas e constatou o uso de anestésico válido, correto e em quantidade dentro da conformidade para o procedimento. A defesa juntou dois pareceres médicos que apontam a relevância, sim, para a morte, das doenças preexistentes que acometiam a Sra. Roberta, as quais contribuíram, infelizmente, para a evolução a óbito. Por fim, a defesa reforça que o procedimento realizado pela Biomédica Vanuza não contribui para a morte da vítima”.

Luto da família

Roberta era casada com Anastácio e mãe de dois filhos, Lucas e Vinícius. Sua morte foi profundamente sentida por toda a família, incluindo seus pais, Carlos e Vera, e seu irmão Adriano.”Estamos sofrendo muito, meus pais estão devastados. Nenhum pai espera enterrar um filho, sempre imaginamos o contrário, mas infelizmente isso não aconteceu conosco”, desabafou Adriano. Ele também mencionou que Roberta era sua maior confidente e que sente falta do companheirismo da irmã.

“Neste ano que se passou, sinto uma dor e saudade eternas, além de uma sensação de injustiça. Até agora, nada foi resolvido. Os responsáveis pela morte da minha irmã parecem não se importar”, lamentou Adriano.

Sua mãe, Vera Correa, também compartilhou o sentimento de injustiça e a tristeza profunda pela perda da filha: “Desde que Roberta se foi, meu marido e eu visitamos seu túmulo todo sábado ou domingo. Está sendo muito difícil, a vida nunca mais foi a mesma sem ela”.

Já Lucas, filho mais velho de Roberta, destacou que a espontaneidade da mãe é o que mais faz falta no seu dia a dia. “Ela sempre gostou muito de brincar, dar risada, dançar, cantar e eu me divertia muito com ela. Minha mãe sempre foi uma pessoa muita acolhedora e eu tenho o maior orgulho de ser filho dela, a energia dela era contagiante. É realmente muito estranho pensar que já faz um ano, às vezes me parece que foi ontem que tudo aconteceu e passei pelas semanas mais turbulentas da minha vida, e em alguns momentos a saudade é tanta que parece que já vivi uma vida inteira longe dela. Não sei se o tempo cura todas as feridas, mas ele nos fortalece para aprenderemos a lidar com elas”, finaliza.

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