13/07/2022

Ranking da ONU mostra problemas sociais e econômicos em Cosmópolis

Dados compõem estudos da Agenda 2030 numa participação global; de 17 objetivos, 10 foram negativos


Henrique Oliveira

Um ranking anual retirado do Índice de Desenvolvimento de Cidades Sustentáveis (IDSC), organizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), mostra problemas sociais e ambientais que Cosmópolis possui. O índice, que serve como meta de cumprimento do poder público, organização civil e entidades privadas, mostra a cidade na posição de 1831 das 5570 cidades brasileiras. O índice se baseia em números de uma década, utilizando dados explorados de 2010 à 2020.

Classificação geral mostra a posição de Cosmópolis no ranking; Dados estão dentro da última década

De acordo com o índice, a cidade de Cosmópolis tem muitos objetivos ainda a serem atingidos, como erradicação da fome, pobreza, educação e saúde de qualidade. Estes indicadores são utilizados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e faz parte da ‘Agenda 2030’ que cita os desafios globais que pretendem promover universalmente a prosperidade econômica, o desenvolvimento social e a proteção ambiental do mundo.

Para se atingir as metas estipuladas pela ONU, a cidade precisa atingir o índice 100 em cada um dos 17 objetivos e 169 metas do conjunto de ações dos municípios. Ou seja, o índice é pontuado de 0 a 100 pontos em uma pesquisa feita pela Organização.

“A pontuação do IDSC é atribuída no intervalo entre 0 e 100 e pode ser interpretada como a porcentagem do desempenho ótimo. A diferença entre a pontuação obtida e 100 é, portanto, a distância em pontos percentuais que uma cidade precisa superar para atingir o desempenho ótimo”, diz trecho do texto da ONU.


Morte por arma de fogo e da população jovem estão dentro dos índices a serem melhorados na cidade

17 objetivos, 2 cumpridos

Dos 17 objetivos propostos pelo IDSC, Cosmópolis cumpre somente dois. Dos demais, 10 estão no quesito de ‘Há grandes desafios’, ou seja, com baixa adesão de nível atingido pelos critérios da ONU; uma das piores pontuações no relatório.
Na pontuação geral, para se ter um exemplo, Cosmópolis atinge 49,5 do total de 100 propostos pelo Índice. O melhor no ranking está o município de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, que pontua 65,62. E pelos indicadores, numa avaliação atual, a cidade apresenta muitos problemas, como na geração de empregos, educação, saúde, igualdade de gênero, sustentabilidade, segurança e crescimento econômico. De acordo com o índice, como pode ser visto na imagem abaixo, a legenda mostra – na cor vermelha – ‘há grandes desafios’.


Arte: IDSC – ONU

A cidade não possui tratamento adequado ao esgoto. Desde 2008 a Estação de Tratamento de Efluentes, ETA Rio Jaguari, está num impasse. No ano de 2021 o prefeito Junior Felisbino (PP) anunciou o funcionamento da ETE em regime de testes, tratando 30% dos efluentes domésticos da cidade. Fato este que foi interrompido, por motivo ainda não esclarecido.

Nestes índices, a ONU aponta como um dos problemas que fizeram Cosmópolis perder pontos. No 14° objetivo proposto pelo IDSC, chamado de ‘Proteger a Vida Marinha’, a cidade é apontada em vermelho, ou seja, não atingindo o objetivo. Este objetivo tem como princípio a apuração da conservação de rios e mananciais. O indicador é desfavorável à Cosmópolis que não trata o esgoto, e tem como despejo ‘in natura’ em rios como é o caso do Ribeirão Três Barras, o popular Baguá, que deságua no rio Jaguari que é braço do Piracicaba.

No objetivo Educação de Qualidade, Cosmópolis apresenta bom desempenho, embora o índice mostra problemas a serem sanados.
Um dos problemas propostos é a ausência de escolas adequadas a pessoas com deficiência. Além do grande número de jovens que não concluíram o ensino médio com 19 anos de idade.
Uma outra crítica, apontada pelo índice, é a falta de casas, centros e espaços culturais.
Porém, o índice é favorável quando o quesito aponta para a Prova Brasil nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Além da presença de professores que possuem o nível superior de instrução.

Outro índice favorável à cidade é no auxílio e promoção de formas para geração de empregos. Neste objetivo, o relatório aponta como ‘ODS atingido’. Ou seja, a cidade proporciona meios para construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
Neste, em verde, de acordo com o relatório, a cidade promove e apresenta investimentos públicos em infraestrutura para promoção do Produto Interno Bruto (PIB) e Participação dos empregos em atividades intensivas em conhecimento e tecnologia.


Desempregados em busca de recolocação no CRTC em maio de 2022

Emprego e Renda

Neste quesito, proposto pelo Índice, Cosmópolis não apresenta bons números. O objetivo é que o município promova o crescimento econômico inclusivo e sustentável, emprego pleno, produtivo e trabalho decente para todos. No oitavo objetivo da IDSC, Cosmópolis apresenta problemas com desemprego (em todas as faixas etárias), o desemprego de jovens, a renda per capta e de jovens de 15 a 24 anos que não estudam e também não trabalham.
Além da falta de promoção de métodos para o crescimento econômico, a igualdade dos gêneros é um fatores que retirou pontos de Cosmópolis do IDSC. A taxa de feminicídio – conforme dados extraídos do DataSUS – e até a presença de vereadoras, do sexo feminino, na Câmara Municipal, são fatores negativos para Cosmópolis.


Saúde e bem-estar

Na Saúde, algo que gera muitas discussões, Cosmópolis apresenta números favoráveis e desfavoráveis pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mortalidade infantil e por suicídio, atendimento por equipes da Saúde da Família, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são fatores que são apontados como “Há grandes desafios” e ‘Há desafios’, vermelho e amarelo pelo ranking.
Já fatores como mortalidade por HIV, infantil a partir de 5 anos de idade, e materna, estão com os objetivos atingidos pelo índice. Embora, num aspecto geral, a cidade ainda requer atenção na saúde.

Jovens e mortes por arma de fogo

As mortes violentas estão entre os índices a serem revistos. Políticas para maior acesso à Justiça, de forma igualitária, é uma das ações apontadas pelo estudo. Embora os números tiveram um dado decrescente, nos últimos anos (2018 e 2019) os casos vêm crescendo. Porém, o estudo compartilha da ideia de que é necessário a promoção de “[…] sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis ​​e inclusivas em todos os níveis”.
Os indicadores apontam: homicídio juvenil, mortes por agressão, mortes por arma de fogo e taxa de homicídio.

Objetivos do IDSC para o Brasil e para o mundo

Os dados apresentados pelo índice auxiliam os órgão públicos à identificarem problemas em seu município, por exemplo. De acordo com o texto da Organização, “[…] Dados e estatísticas são essenciais para impulsionar as transformações necessárias e indispensáveis tanto em nível global quanto local. Nesse sentido, o índice tem a intenção de estabelecer os ODS como ferramenta útil e efetiva para a gestão pública e a ação política nos municípios brasileiros. O monitoramento de indicadores permite guiar as prioridades dos governos locais de acordo com os desafios identificados a partir da análise de dados. O IDSC-BR apresenta uma avaliação abrangente da distância para se atingir as metas dos ODS nos 5.570 municípios brasileiros, usando os dados mais atualizados disponíveis em fontes públicas e oficiais do Brasil. Ao todo, o índice é composto por 100 indicadores, referentes às várias áreas de atuação da administração pública”, diz trecho do texto.

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