21/08/2021

Padre Diego explica restauro da imagem de padroeira de Cosmópolis

Alguns fiéis não se agradaram com o restauro; Padre conta que a imagem voltou a sua originalidade do século 19 e que foram feitas várias pesquisas históricas para execução do processo


Henrique Oliveira

Centenária, a imagem da padroeira de Cosmópolis – Santa Gertrudes de Helfta – foi restaurada. A Paróquia, que leva o nome da santa, viu a necessidade de se restaurar a imagem após ter percebido que ela foi atacada por cupins, que poderia destruir o artigo que é um patrimônio dos católicos cosmopolenses. O problema foi percebido após ser realocada para as festividades da comemoração da Santa em novembro de 2019.

Vinda da França no final do século 19, a imagem de Santa Gertrudes, diferente de que muitas pessoas pensam, é feita de madeira. E por fotos, antes do restauro, dá pra se perceber que ela apresentava algumas imperfeições no rosto da homenageada e no hábito. Porém, este restauro não agradou alguns fiéis. Pode ser que a motivação da não apreciação da imagem seja de algumas mudanças. Porém, Diego Humeniuk, pároco da Igreja Matriz de Santa Gertrudes assegure que a imagem foi restaurada para sua forma original.

A imagem

Antes do restauro da imagem, o hábito – vestimenta utilizada por monges católicos – apresentava algumas grafias e alguns pequenos brilhos. Na parte superior do corpo de Santa Gertrudes, havia um coração vermelho com os dedos sendo tocados. Esta é a lembrança que muitos tinham da imagem da padroeira de Cosmópolis.

Hoje, após o restauro, a imagem mostra um hábito preto, com o coração, remetendo ao Sagrado Coração de Jesus, totalmente dourado.

O padre conta que algumas peculiaridades da imagem foram levadas em consideração. Embora Santa Gertrudes seja de origem germânica, a imagem que está exposta na Matriz foi concebida na França e veio ao Brasil de navio e levada à pequena capela existente em Cosmópolis no final do século 19.

Humeniuk narra que quando perceberam que a imagem necessitaria de restauro, procurou por restauradores que sejam especializados em arte sacra. Após entrar em contato com vários restauradores, o padre e alguns paroquianos contrataram os serviços de Jeison Lopes Pereira, da cidade de Limeira.
A escolha do restaurador limeirense, se deu por conta de ele pertencer à Comissão de Bens Culturais da Diocese de Limeira (SP) “Então nós tivemos o suporte de nossa diocese”, complementa Humeniuk.

Jeison, é graduado em Artes Visuais pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC) e Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Portugal. O restaurador, diz a nota da Paróquia de Cosmópolis, também é especializado em conservação e restauro Pelo Museu de Arte Sacra de São Paulo.

O processo de restauro

Por mais de 11 meses a imagem passou pelo processo de restauração na cidade de Limeira. Foi realizado o processo de desinfestação, preenchimento de lacunas com massa de madeira, na pintura utilizada a técnica de pontilhismo e toda a pintura da imagem.
Foi utilizada também a técnica de pontilhismo, o que dá maior realidade ao rosto e à expressão da imagem.
O informe emitido pela Paróquia de Santa Gertrudes, diz que a técnica e os materiais utilizados são de alta durabilidade.

Para o restauro, foram feitas pesquisas históricas

Humeniuk diz que antes desta restauração a imagem passou por outros três processos. O padre alega que tudo indica que as outras restaurações possam não ter sido feitas com o critério científico da restauração.
O padre explica que este novo processo de restauração foi devolvida a originalidade da imagem. Ou seja, a forma com que ela foi concebida no século 19.

Nas outras restaurações feitas no decorrer dos anos, o padre diz que ela foi modificada, retirada de sua originalidade. “A escrita do livro [que a imagem segura] foi traduzida para o português, foram acrescentadas aquelas ‘pedras’ que eram de plástico, aquilo não era de valor. Isso não existia na arte do século 19, que foi o tempo que imagem foi feita…”, lembra o padre dizendo que Jeison foi retirando todas as camadas de tintas e materiais para se chegar a original. “Chegou na primeira camada que é do jeito que o artista fez a imagem”, acrescenta o padre.

Para receber a imagem após a restauração, a Paróquia de Santa Gertrudes realizou uma missa especial. Nela estava presente o restaurador, que de forma breve, explicou a forma de que trabalhou nesta imagem.
Humeniuk diz que, na missa, Jeison disse que em seu trabalho como restaurador, ela não pode realizar modificações nas imagens. E algo que chamou a atenção dos fiéis e devotos de Santa Gertrudes, foi que antes deste restauro havia pequenos desenhos no hábito, um coração vermelho e algumas pedrarias, que como visto acima o padre disse ser de plástico.
Jeison explicou que na imagem original não havia sinais destes desenhos, da ‘pedras’ e também que o coração seria totalmente dourado.
“Porque ele não pode inventar, ele não pode supor que era de outro jeito. Isso não é restauração. Por isso que a imagem ficou mais sóbria do que ela era. Mas, como foi explicado, a imagem ficou muito mais fiel a original. Isso se chama restauração”, complementa Humeniuk.

Diego Humeniuk diz que todo o processo de restauração tem um contexto histórico e que várias pesquisas foram feitas para então iniciar o restauro da imagem. “Tudo isso foi feito com muito respeito e muito amor, tanto para com a imagem, quanto pela paróquia e por toda história da cidade. Por isso demorou tanto, foi feito um trabalho muito minucioso”, finaliza.

Imagens: Cedidas pela Paróquia de Santa Gertrudes

……………………………………..

Tem uma sugestão de entrevista? Clique aqui e envie para o Portal Cosmopolense

 


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.