05/10/2019

Outubro rosa: Cosmopolense relata como superou o câncer de mama

“Eu senti, o meu corpo estava me falando que alguma coisa estava muito errada”, relembra Simone Cristina Zanelatto enquanto narra a descoberta da doença

Letícia Leme

Um mês dedicado à prevenção do câncer de mama, o outubro rosa visa alarmar o diagnóstico precoce da doença. Este, segundo o Instituto Oncoguia, aumenta significantemente as chances de cura. Desse modo, a mamografia é imprescindível, sendo o principal método para o rastreamento da doença.

Simone Cristina Zanelatto, de 42 anos, superou o câncer de mama. Mãe, esposa e dona do lar, a cosmopolense relata quando descobriu a doença. Assim como muitas mulheres, ela demorou para se atentar à importância da prevenção e da realização de exames como a mamografia. O relato dela pretende incentivar a população feminina de Cosmópolis a cuidar de si, sobretudo da saúde.

Descoberta

A primeira suspeita de Simone se deu durante uma noite em que ela dormia e precisou mudar de posição. Ao virar de bruços, ela conta que sentiu uma pontada nos seios. Foi somente quando realizou o autoexame – toque feito em casa – que pôde notar um caroço na mama direita.

Além disso, o seio dela já havia sangrado e expelido uma secreção de cor branca – o que mais tarde viria a descobrir que se tratava de um sintoma da doença. Preocupada, foi atrás de um médico a fim de relatar o que sentia. No entanto, Simone alega que não recebeu a atenção que deveria. Em um primeiro exame (ultrassom) foi apontado um nódulo em outra região, diferente da qual ela se queixava. Já o resultado da mamografia identificou mais um nódulo. Este coincidiu com a área apontada por Simone.

“Saiu o resultado da mamografia, e nela apareceu esse outro nódulo, ou seja, eram dois resultados diferentes né. Então eu voltei nele e ele continuou com o mesmo pouco caso. Examinou mais uma vez e disse que não havia nada palpável, mas me pediu uma outra mamografia específica e que doeu muito, porque foi justo no local. Ele insistiu que não era nada para eu me preocupar”, relata.

Após esse diagnóstico, a cosmopolense iniciou a medicação receitada pelo médico que, segundo ele, amenizaria o nódulo. No entanto, outros sintomas começaram a incomodar Simone, tais como coceira, queimação nas mamas, fadiga, bico do seio dolorido e agulhadas.  Foi então que, a partir de conselhos de familiares, ela decidiu procurar outro profissional.

“Eu senti. O meu corpo estava me falando que alguma coisa estava muito errada”

“Eu procurei a doutora Talita e ela foi super atenciosa. Ela me alertou sobre o líquido que saía da mama. Pediu o ultrassom mais específico, que é a varredura. Durante o ultrassom eu acho que eu já sabia, a gente hoje em dia com o Google, não adianta o médico falar não olha, porque a gente olha. Eu senti. O meu corpo estava me falando que alguma coisa estava muito errada. Quando ela estava fazendo o ultrassom, que ela encontrou o nódulo, eu vi na cara dela que a coisa não era boa”, relembra.

Logo após os exames, Simone esperava pelo resultado da biopsia – que apontaria o que de fato ela tinha. Nessa altura já obtinha muitas informações acerca da doença, inclusive nomenclaturas. Antes mesmo de apresentar à médica, ela revela que já sabia do que se tratava o Carcinoma Ductal Invasivo.

“Tem uma coisa que a gente aprende muito na oncologia, que é dizer para si mesmo: eu estou com câncer

“Se eu disser que eu me desesperei, eu não sei dizer o que foi, porque eu já esperava. Na verdade a sensação que eu tive foi de alívio porque dali para a frente eu sabia o que estava acontecendo e eu já sabia o que eu ia fazer (…) o dia seguinte eu passei com a doutora Talita, no outro dia com a minha psicóloga e foi onde eu conclui que a aceitação era a melhor maneira. Tem uma coisa que a gente aprende muito na oncologia, que é dizer para si mesmo: eu estou com câncer”, destaca.

Família, um remédio natural

Uma vez ciente da doença, Simone precisava lidar com mais um desafio: compartilhar o resultado com a família, incluindo a mãe de 80 anos que residia com ela. O sofrimento foi inevitável, no entanto, o apoio que ela recebeu se configurou um remédio natural, que muito contribuiu na luta contra a doença e, lamentavelmente, com a superação da morte da mãe.

“Eu peguei o meu resultado no dia 26 de março, minha cirurgia foi marcada para o dia 18 de abril. No mesmo dia que eu fui fazer a cirurgia minha mãe entrou em coma e foi internada no hospital de São Paulo. Quando eu sai da cirurgia minha mãe já estava entre a vida e a morte, e ela veio a falecer. No que diz respeito a cirurgia eu não tive nem tempo de sentir dor. Foi terrível, até semana passada eu vivi os piores dias da minha vida, mas os dias que a minha mãe ficou internada ou o falecimento foi bem complicado, na verdade até hoje”, lamenta.

“O câncer não me derrubou, o que me derrubou foi perder minha mãe junto”

Uma base imprescindível. É desse modo que Simone refere-se à família. Sempre participativo e presente em todas as etapas, ela conta que o marido desempenhou um papel fundamental na superação da doença. Assim como o filho, que já demostrou apoiar a mãe em todas as esferas, até mesmo ao raspar a cabeça – juntamente com amigos  – , a fim de incentivá-la quando tivesse que passar pelo mesmo.

“O papel da minha família é o sonho de todas as mulheres que tem câncer de mama, que é ter o apoio familiar. Meu marido tem sido uma pessoa sem precedentes na minha vida, ele foi maravilhoso, participou de tudo e esteve comigo o tempo todo. Desde o dia que eu fiz a ultrassom, que a Talita ia pedir a biópisia, e em todos momentos ele está comigo, até hoje. Não tem o que eu reclamar, ele e meu filho foram a base de tudo, desde a perda da minha mãe, principalmente. O câncer não me derrubou, o que me derrubou foi perder minha mãe junto”, revela.

Rotina

Uma das consequências sofridas pelo paciente oncológico, assim como aponta Simone, é a instabilidade. Ela relata que, desde que descobriu o câncer, a rotina dela sofre alterações constantes. Estas envolvem complicações de saúde e compromissos médicos.

“Eu nunca mais soube como vai ser o meu dia. Meu fim de semana, cada semana, eu tenho uma coisinha diferente. Essa está sendo a semana da gripe, semana passada eu estava com peito machucado por causa da rádio, na outra os meus pés estavam inchados. É bem delicado mesmo, eu ainda estou na fase de tentar adaptar as minhas atividades, o meu dia a dia. O meu serviço de casa, por exemplo, é tentar me adaptar a nova realidade”, comenta.

“Eu nunca mais soube como vai ser o meu dia”

Apesar da mudança de rotina, Simone nunca desistiu da vida. Com acompanhamento psicológico, tratamento médico, auxílio da família e amigos, a cosmopolense superou a doença e espera que a história dela sirva de inspiração para outras mulheres que enfrentam o câncer de mama. O primeiro passo, de acordo com ela, é assumir para si mesmo que está com câncer. “Eu conclui que a aceitação era a melhor maneira de lidar com a doença. Eu aceitei bem, a partir do momento que você diz: eu estou com câncer é o que ajuda. No meu caso ajudou muito”, conclui.

Simone e as amigas do grupo de ação solidária durante uma surpresa logo nos primeiros dias de tratamento

Câncer de mama

Segundo informa o Ministério da Saúde do Estado de São Paulo, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma. A doença responde, atualmente, por cerca de 28% dos casos novos de câncer em mulheres.

Ela também acomete homens, porém é raro, representando menos de 1% do total de casos da doença. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta idade sua incidência cresce progressivamente, especialmente após os 50 anos. Estatísticas indicam aumento da sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Existem vários tipos de câncer de mama. Alguns evoluem de forma rápida, outros, não. A maioria dos casos tem bom prognóstico.

Para o ano de 2018, foram estimados 59.700 novos casos de câncer de mama no Brasil.

Se atente aos sintomas!

Como prevenir?

A prevenção do câncer de mama não é totalmente possível em função da multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis. De modo geral, a prevenção baseia-se no controle dos fatores de risco e no estímulo aos fatores protetores, especificamente aqueles considerados modificáveis.

Os principais fatores de risco comportamentais relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama são: excesso de peso corporal, falta de atividade física e consumo de bebidas alcoólicas.

Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama. Controlar o peso corporal e evitar a obesidade, por meio da alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos, e evitar o consumo de bebidas alcoólicas são recomendações básicas para prevenir o câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor.

A terapia de reposição hormonal (TRH), quando estritamente indicada, deve ser feita sob rigoroso controle médico e pelo mínimo de tempo necessário.

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