11/05/2021

Músico e empresário Paulo Tavano falece aos 68 anos em Cosmópolis

Músico recebeu homenagens nas redes sociais com lembranças das épocas das casas de shows da cidade


Henrique Oliveira

Para quem viveu nos anos de 1970 e 1980 em Cosmópolis pode ter dançado ou apreciado a música de Paulo César Tavano. O músico e empresário cosmopolense faleceu nesta segunda-feira (10) por decorrência de complicações pelo novo coronavírus. Paulinho Tavano, como era conhecido, estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Misericórdia de Cosmópolis.

De acordo com seu filho Paulo Henrique Tavano, Paulinho estava internado na UTI da Santa Casa há 14 dias. O músico faleceu na tarde desta segunda-feira (10) e muitas homenagens foram feitas nas redes sociais por amigos, com lembranças das épocas das casas de shows da cidade.

Por ter falecido em decorrência da Covid-19, o sepultamento de Paulo Tavano acontecerá às 10h30 (desta terça-feira – 11) no Cemitério Municipal de Cosmópolis e só contará com os familiares por conta das restrições sanitárias impostas pelo Ministério da Saúde.

Família

Paulo César Tavano era cosmopolense nascido em 13 de agosto de 1954. Filho de Paulo Antônio Tavano e Lourdes Baracat Tavano. Formado em química industrial, empresário e músico. Desde 1981 era casado com Huda Tavano e teve quatro filhos e netos.

Paulinho era conhecido por sua música

Muitos cosmopolenses que viveram as noites das décadas de parte de 1970 e 1980 conhecem a música de Paulinho Tavano e as bandas onde compôs grupo. Aos 15 anos de idade, Tavano ingressou na escola de Música Monsenhor Rigotti para aprender violão. Ali apendeu com professores da época, como Zelão Barbosa, e a partir desta iniciativa, começou a despontar para bandas da época, como a ‘Super Som LG’, de Luiz Gallani, onde ficou por cinco anos ao lado de outros grandes músicos.

Tavano à direita com o contra baixo (Redes sociais)

Tavano começou a dedilhar na guitarra, onde em sua primeira banda, ‘Os psicodélicos’, já tocava músicas pop da época. Após, Paulinho estava com uma banda onde tocavam, além de música pop para bailes, onde passou por intercalar entre o baixo e a guitarra.

‘Espectro Contínuo, com um nome que remete à bandas ‘punks inglesas’, Tavano estava em uma banda que foi para o rock e o Rock Progressivo, muito em alta na época.

E por fim, ‘Reencontro’ foi a banda onde Tavano se encontrou com o Jazz contemporâneo com influência na música brasileira. Mas em toda a sua vida, Paulinho Tavano compôs várias bandas com músicas de carnaval, onde se apresentava em cafés, bares e restaurantes.

Para os mais boêmios, ainda se lembram do ‘Café Melodia’. O bar que ficava no centro de Cosmópolis, foi fundado em 1980 por Paulinho. A proposta do bar era levar aos cosmopolenses música de qualidade com vários estilos, além de grandes músicos do jazz campineiro tendo uma filial, fundada em 1981, em Campinas (SP), mais precisamente no Bairro Cambuí.

Após anos empresariando nas noites cosmopolenses e campineiras, Paulinho deixou a carreira musical e se dedicou à abrir uma empresa no ramo de plásticos e produtos congêneres.

Desde 1995 Paulinho se tornou evangélico e dedicou sua expertise com a música a serviço da fé cristã.



Amigos homenageiam Tavano

Paulinho era muito conhecido no mundo musical. Porém, seus amigos dizem que as lembranças também ficam no âmbito da amizade e do companheirismo. Por ser um músico completo, Tavano deixou fã de sua forma de tocar de outros músicos. Além das velhas lembranças da tal ‘Esquina do Itaú’, onde se reuniam parte da juventude de Cosmópolis, e até de outras cidades da região, como conta um amigo.

“Quando comecei a tocar, ouvia falar do Paulinho Tavano, como uma espécie de mito aqui da região. Ele foi um pioneiro da guitarra elétrica e tinha um conhecimento musical gigante. O tempo passou e tive a felicidade de conhecê-lo através da loja. Posso dizer que ele era uma alma abençoada, de luz. Como esquecer ele chegando por aqui esfregando as mãos e com aquele sorriso e simpatia. Deixa muitas lembranças e saudades”
, diz Ronaldo Berni, músico e proprietário de uma loja de instrumentos musicais em Artur Nogueira (SP).



“Ele foi fundamental na vida de todos que mexem com música aqui em Cosmópolis. Uma tremenda influência, não por que foi embora não… impossível alguém falar mal dele. E foi muito bom conhecer aquelas figuras, principalmente ele, pois sempre gostei de música, mas nunca tive acesso. Nunca andei de perto com músicos, e foi na esquina que comecei. E Paulinho é o músico da esquina. […] Um cara muito inteligente, uma das pessoas mais inteligentes que conheci na vida”
, lembra Shasça, amigo que conheceu Paulinho ainda na adolescência. Quando se refere ‘A Esquina do Itaú’, Shasça lembra da confluência entre a avenida Ester e a rua Santa Gertrudes, onde Tavano e seus amigos se reuniam.

“Conheci o Paulinho no carnaval de 1979, há 42 anos, em Limeira, se não me engano. Ele – simpático, alegre e generoso como sempre – imediatamente me convidou para visitar o lendário “barracão” de Cosmópolis, onde a moçada se reunia para assistir aos ensaios abertos de sua banda, “Espectro Continuo”. 

Foi uma empatia imediata, que deu inicio a uma longa amizade. Aliás, não deve ter existido nenhuma pessoa no mundo que não tenha sentido simpatia absolutamente imediata pelo Paulinho. Era uma figura excepcional que desbordava alegria, sempre sorrindo, sempre brincando, sempre iluminando o próximo.

Eu sempre senti um grande amor por ele, uma grande admiração e um enorme sentimento de gratidão. Gratidão porque ele me ajudou muito na minha juventude. Eu era muito “duro”, e essa ajuda foi fundamental para minha sobrevivência e para o inicio da minha carreira profissional. Admiração porque o Paulinho sabia de tudo: música, mecânica, eletrônica, hidráulica, marcenaria, construção e mil coisas mais, além de química, claro, que era a sua formação. E ainda era um motorista super habilidoso! (lembro de ele dirigindo a sua perua amarela “Catarina”, andando o tempo todo de lado na lama (!!) para a gente chegar no Encanamento).

E o amor, bom, não precisa explicar. O Paulinho não era uma pessoa. Ela era um grande coração ambulante, desbordando amor e bondade. Se eu pudesse, diria para ele a frase de Carl Sagan: ‘Diante da vastidão do tempo e da imensidão do Universo, foi um imenso prazer para mim dividir um planeta e uma época com você’. Sorte a minha de tê-lo conhecido”, diz o amigo Conrado Paulino, também músico, que na foto abaixo aparece com Paulinho Tavano tocando em uma escola da região

Fotos: redes sociais

Referência Bibliográfica: Livro ‘Cosmópolis – de Fazenda Funil à Cidade Universo’ – Mano Fromberg, Ana Maria Barbosa e Sérgio Fromberg – 2011

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