15/01/2019

Estudo aponta que Educação de Cosmópolis tem ‘ineficiência crítica’

Secretária de Educação não concorda com os números e mostra que a média do Ideb dos alunos cosmopolenses estão acima da média estadual

Henrique Oliveira

Um estudo apontou que a Educação de Cosmópolis tem ‘ineficiência crítica’ pelo Atlas da Eficiência da Gestão Municipal. Lançado no final do ano passado (2018) pelo I3gs – órgão ligado à Universidade de Brasília (UnB) – o município cosmopolense ganhou nota 690 no ranking.

O estudo compara a gestão pública de educação entre as cidades do Estado de São Paulo em números para diferenciar as mais eficientes das menos eficientes na pasta municipal. Para se chegar nestas estatísticas, a pesquisalevou em consideração a aprovação de alunos, retenção, valor investido por cada estudante e proficiência.

Segundo o Atlas, Cosmópolis investe R$ 5.814 anualmente por aluno. Para o estudo, a cidade teria que se adequar a um ajuste de (-) 30,9%, chegando a R$4.016,36 por aluno. Além disso, com o investimento realizado pelo município na Educação Pública, o desempenho deveria ter sido melhor no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, Ideb.

Ainda de acordo com o Atlas, “O [município] produz 69% do que poderia produzir considerando os insumos disponíveis”. O relatório também informa que a nota média do município no Ideb é de 6,3 e que a desistência escolar é de 0,2% do total de matriculados. No ensino fundamental, o número de reprovações é de 5,6%, considerado bom pelo relatório.

Do total de 645 municípios do Estado de São Paulo, 598 cidades disponibilizaram os dados para a realização do Atlas. Dez municípios foram considerados eficientes, 46 ineficiência moderada, 313 ineficiência crítica e 229 ineficiência extrema.

Em entrevista, a Secretária Municipal de Educação de Cosmópolis, Vera Borelli, disse que não concorda com os dados apresentados pelo Atlas. Apesar disso, a chefe da pasta diz que os apontamentos serão analisados pelo setor com o intuito de trazer melhorias ao ensino e à gestão.

“Quando eles falam em ineficiência crítica – e nós estamos analisando o Ideb – a nossa média do Ideb foi de 6.8 e a meta para nós atingirmos é de 6.3. Mesmo as duas escolas de ensino fundamental 1 que não atingiram [a meta], foi por muito pouco e ainda está acima da média estabelecida pelo Estado e nacional. Sendo que estamos em sexto lugar na Região Metropolitana de Campinas, frente à muitos municípios com a arrecadação [financeira] muito superior da gente [Cosmópolis]. É lógico que qualquer apontamento que nós recebemos, nós fazemos uma análise bem grande dele. Pois ele pode dar algum caminho, alguma coisa que nos faça uma reflexão maior sobre isso”, argumenta Vera.

A secretária municipal também não concorda com a metodologia utilizada pelo instituto para a confecção do Atlas. Para a chefe da pasta, no estudo são apresentados números e não o material humano que é utilizado no dia a dia das escolas municipais de Cosmópolis. “Mas tem algumas coisas aqui que fica difícil de concordarmos. Nós trabalhamos com gente, nós não estamos trabalhando com produto. O que a gente busca é qualidade no atendimento, no ensino… para que as crianças aprendam mesmo que elas levem para a vida delas um conhecimento maior”, pontua.

Sobre o valor ideal de investimento em cada aluno, apontado no estudo, a funcionária pública afirma que acredita que o instituto se baseou nos valores destinados à educação pelo Executivo Municipal e dividiu pelo número de alunos da rede pública municipal.

“Acredito que eles pegaram tudo [valores destinados] que tem na educação e dividiram pelo número de alunos. Hoje, por exemplo, quando pegamos a Base Nacional Curricular, um dos pontos, dos parâmetros dela é a questão de tecnologia. Você tem que ter um investimento em relação a isso também… também material didático… Sinceramente, não sei onde eles chegaram neste número”, expõe.

Sobre os números de aproveitamento apontado pelo estudo, a gestora assinala que o sistema utilizado pelo instituto é um sistema utilizado por empresas. “Quando se fala em Benchmark, é um sistema que lida com produtos, com concorrência, com empresa. É obvio que a gente busca qualidade total na educação. Eu não vejo como é que a gente pode pegar, com toda problemática que nós temos na educação, com todos os problemas sociais que temos que enfrentar dentro da educação, como você pode utilizar um critério deste aqui com gente? Eu li muito [o Atlas e a metodologia] e não consegui fazer um paralelo, usando o sistema com educação”, finaliza.

A cidade ficou na 197º posição dentre as 598 cidades que disponibilizaram os dados. O Estado de São Paulo possui 645 municípios. Porém, nem todos disponibilizaram as informações para a realização da pesquisa.

……………………………………..

Tem uma sugestão de reportagem? Clique AQUI e envie para o Portal Cosmopolense.


Comentários

Não nos responsabilizamos pelos comentários feitos por nossos visitantes, sendo certo que as opiniões aqui prestadas não representam a opinião do Grupo Bússulo Comunicação Ltda.