16/09/2019

Entenda a Operação Prato Feito em Cosmópolis

A operação foi iniciada em 2018 e teve indiciamento nas cidades de Cosmópolis e Holambra

Henrique Oliveira

Tudo aconteceu em maio de 2018. Em uma manhã veículos pretos com agentes da Polícia Federal parou frente ao Paço Municipal de Cosmópolis. Agentes, com mandado judicial, entraram na Prefeitura e levaram documentos e telefones celulares para averiguação. Ali começava a Operação Prato Feito que investigava mais de 150 pessoas e 15 prefeitos em 3 estados e no Distrito Federal na suspeita de que mais de R$1 bilhão sumiram dos cofres públicos.

Na região, o prefeito de Cosmópolis José Pivatto (PT) e Fernando Fiori (PTB), prefeito de Holambra, estavam sendo investigados.  A casa de Fiori em um condomínio de Holambra (SP) também foi alvo de um mandado judicial. No entanto, na última sexta-feira (13), eles foram indiciados pela Polícia Federal por corrupção passiva e suspeitos de fraudarem licitações na compra de merenda escolar e de material didático.

Em maio de 2018, foram emitidos 154 mandados de busca e apreensão pela Primeira Vara Criminal de São Paulo e pelo Tribunal Regional Federal da Terceira Região. Na época, em entrevista coletiva na sede da Polícia Federal em São Paulo, o Secretário da Controladoria Geral da União (CGU), Roberto Viegas, disse que este esquema acontece no mínimo há 20 anos.

“Nós estamos falando de um grupo, um cartel de empresas que desvia recursos da merenda há pelo menos 20 anos. E é extremamente deplorável se falar de um estado da riqueza de São Paulo, onde você tem desvio de merendas escolar desta magnitude, disse o Secretário Federal de controle interno da CGU, Roberto de Oliveira Viegas.

De acordo com as investigações na época, os empresários pagavam propinas à servidores dos municípios investigados por intermediação de lobistas. E em troca da terceirização da merenda escolar, os empresários e lobistas procuravam os servidores e prefeitos em época de campanha eleitoral, com a promessa de financiamento de material de campanha.

Após isso, a suspeita é que as licitações para a terceirização da merenda escolar das cidades eram fraudadas para favorecer os empresários que financiavam estas pessoas.

Quando se deflagrou a Operação Prato Feito, a Delegada da Polícia Federal, Melissa Maximiniano Pastor, disse que em conversas autorizadas se ouvia a substituição de alimentos como carne por ovos na merenda escolar.

Nós tivemos registros ao longo destes anos que o fornecimento, às vezes no lanche, de uma bolacha ‘maizena’ com leite diluído. Suco substituindo leite, e áudios de empresários que falavam: corta a carne. Fornece ovos todos os dias para as crianças“.
A delegada à época não disse qual cidade estes episódios aconteciam. E quem eram os empresários que sugeriam esta substituição.

De acordo com a Polícia Federal, escutas telefônicas autorizadas pela justiça, levaram os agentes a registrar com uma foto o ex-secretário de Saneamento Básico de Cosmópolis Celso Evangelista Martins, momentos antes de entrar em um veículo com uma mochila azul, ainda no centro da cidade de Cosmópolis. Segundo a investigação, na bolsa havia dinheiro.

Em resposta à imprensa, no ano de 2018, a Prefeitura de Cosmópolis alegou que a foto onde aparece o ex-secretário foi antes de Celso Evangelista assumir o cargo como Secretário de Saneamento Básico. E que na bolsa não haveria dinheiro, e sim material publicitário.

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