28/10/2022

Eliandra Necker é a primeira cosmopolense autista a ingressar na faculdade de enfermagem

Jovem descobriu TEA após diagnóstico de tumor na clavícula

Da redação

Eliandra Caroline Necker Aires de Lima pode ser considerada um exemplo de resiliência em Cosmópolis. A jovem de 21 anos é a primeira pessoa diagnosticada com TEA (Transtorno do Espectro Autista) a ingressar no curso de Enfermagem da UNIFACP (Centro Universitário de Paulínia).

A trajetória de força de Eliandra teve início muito cedo, quando aos 5 anos de idade, apresentou sintomas de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), ainda no ensino infantil.

De acordo com a mãe da jovem, Regiane Aparecida Necker Aires, de 52 anos, o alerta para o déficit veio por parte dos professores que perceberam sinais severos no comportamento da menina. Isso a incentivou a procurar ajuda de especialistas. “Não se falava de autismo na época, por isso acreditamos por muitos anos se tratar de TDAH. Então, cuidamos dela nessa área, de forma que conseguíssemos instruí-la e nos instruir”, conta Regiane.

Os anos se passaram e, em 2019, Eliandra diagnosticou um tumor na clavícula direita. Devido a rapidez com que se desenvolveu e a enorme possibilidade de se alastrar pelos órgãos, os médicos optaram por não realizar a biopsia e encaminhar a moça – na época com 18 anos de idade – diretamente para cirurgia de remoção. Pouco tempo após a operação, ela descobriu que o tumor continuava se espalhando por seu corpo e precisou fazer uma nova cirurgia, desta vez, na mão.

A mãe conta que manteve forças em sua fé durante o tratamento da filha, o que considera crucial no processo de cura da moça. “Fizemos diversos exames e nenhum apontou mais a existência de tumor no corpo dela. Até mesmo a radio e quimioterapia que haviam sido solicitadas, não foram mais necessárias. Em 2020, a cura dela foi meu presente de Dia das Mães”.

Diagnóstico de TEA

Foi em uma das consultas para tratar do tumor que descobriram o TEA em Eliandra. De acordo com Regiane, a relutância apresentada pela filha em permanecer na ala cirúrgica, trocar de roupas no ambiente e, principalmente, a falta de percepção da gravidade do tumor e como aquilo podia colocar sua vida em risco, foram os principais sinais detectados pelo médico para questionar a possibilidade do espectro autista.

“Foi um choque quando descobrimos que ela era autista. Comecei a pesquisar e entender a proporção disso tudo. Cheguei a questionar que se eu tivesse descoberto mais cedo, muitas coisas teriam sido diferentes”, comenta.

O diagnóstico assustou a família, pela falta de informações sobre o assunto, mas Eliandra reagiu de forma natural, visto que, pouco se alterou em sua vida. Ter ciência de sua real condição apenas corroborou melhorias nos tratamentos e formas de enxergar situações enfrentadas pela jovem.

Ingresso na Universidade

Neste ano, Eliandra ingressou na faculdade de Enfermagem pela UNIFACP (Centro Universitário de Paulínia), como a primeira autista da instituição universitária.

Segundo a estudante, a paixão pela área da saúde teve inicio em sua infância. “Meu intuito era fazer medicina, mas como minha mãe me ensinou de pequena, precisamos começar por algum lugar, então escolhi a enfermagem. Estou gostando bastante”, conta Eliandra.

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