06/03/2020

Denunciantes do processo de Elcio Amâncio rebatem entrevista do presidente

Gadiel e Marina se sentiram ofendidos pelo presidente em entrevista ao Portal Cosmopolense

Da redação

Os membros de uma associação de Cosmópolis falaram à reportagem do Portal Cosmopolense sobre a entrevista realizada pelo presidente da Câmara, Elcio Amâncio, no Portal ao Vivo. De acordo com eles, o político cosmopolense os ofenderam e ‘falou mentiras’ na entrevista que concedeu.

A representante comercial Marina Mafra e o presidente da Associação Empreendedores Sociais, Gileade Gadiel Silva falaram à nossa reportagem sobre a entrevista. Marina é a autora do pedido de cassação do presidente da Câmara de Cosmópolis e procurou a associação para auxiliá-la neste pedido que foi analisado pelos vereadores de Cosmópolis e aberta uma Comissão Processante contra Elcio.

De acordo com Marina a fala do presidente Elcio Amâncio durante a entrevista não condiz com os atos por ele cometidos. Para a denunciante, os pedidos de apuração da Câmara são diferentes dos citados pelo presidente.

“Sobre a entrevista do Elcio, o que eu quero falar é que os atos que ele cometeu, do que ele falou na entrevista, não tem nada a ver com os atos que ele cometeu, com a denúncia que fiz e com os pedidos que fiz”, diz Marina.

A representante comercial também assegura que o seu pedido de cassação do presidente não foi ‘um ato político’. “Eu não vejo isso como um ato político. Porque isso aqui se iniciou no mês de setembro [2019] e fui tendo várias reuniões com ele de pedidos que eu estava fazendo”, alega.

Marina diz que foi induzida por um manuscrito feito pelo presidente da Câmara para utilizar a Tribuna Livre da Casa de Leis. De acordo com Marina, em uma reunião com o presidente da Casa, ele transcreveu uma carta, de próprio punho, contendo aquilo que ela falaria durante a sessão da Câmara de Cosmópolis. “O que eu falei na tribuna foi mais ou menos o que ele escreveu, do que ele pediu para mim falar”, acusa Marina.

A denunciante disse que desde setembro de 2019 estava com documentos que comprovariam crimes cometidos pelo presidente da Casa como falta de decoro e improbidade administrativa. E em novembro ela procurou o presidente da associação, Gadiel Silva, para que juntos pudessem dar seguimento à um processo de cassação de Elcio Amâncio. Neste período, Marina teria se associado à Empreendedores Sociais.

“Foi aí quando ela [Marina Mafra] me procurou para poder fazer a denúncia e ajudar na denúncia”, alega Gadiel Silva que complementou dizendo que Marina não foi a primeira cidadã cosmopolense à procurar a associação para mover processos políticos.

De acordo com Gadiel, a associação a qual preside tem como finalidade “acompanhar, fiscalizar e combater a corrupção do poder público”. Para ele o presidente da Câmara, na entrevista ao Portal Cosmopolense, utilizou de narrativa política.
“O argumento que o vereador Elcio Amâncio fica dando é fazer a narrativa política. Que é a única coisa que ele tem pra fazer. Infelizmente ele quer inverter valores pois a denúncia dele tem provas concretas, até foi mencionado na entrevista, o entrevistador disse que tinha um vídeo dele xingando no plenário um outro vereador. E isso não é papel de um presidente da Casa Legislativa do município; isso é falta de decoro sim”, argumenta Gadiel sobre a entrevista do presidente.

O processo que pairava contra o presidente da Câmara foi arquivado após a comissão entender que não houve crime por parte do vereador. Após passar pelo plenário, os vereadores aprovaram o parecer da Comissão Processante e o processo foi encerrado, trazendo para a cadeira de presidente Elcio Amâncio que estava afastado de suas funções por uma semana. Este processo é alvo de crítica pelos denunciantes.

“Isso [acusação de falta de decoro] não foi mencionado no parecer que eles [vereadores] aprovaram, que arquivou o processo… isso está errado. Nós fazemos uma denúncia com seis itens, eles emitem um parecer só com três? E não o resto? Por que eles não mencionam o restante da denúncia?”, indaga Gadiel.

Os denunciantes também estão descontentes com o caso pois alegam não terem sido ouvidos durante as investigações da Comissão Processante. “O que eu estou contra a Comissão Processante, e os membros da Comissão, é que eles não deram o direito de ouvir, eles estão questionando vídeos que foram editados e colocados em redes sociais, que eu não sei como isso aconteceu; eles não questionaram se tem estas falas, se aquelas falas são verdadeiras, se existem elas na íntegra… eles não quiseram ver. Tem o documento do Elcio escrevendo o que era para eu falar na denúncia e eles não me pediram este documento”, diz Marina.

Marina foi autorizada pelo presidente Elcio Amâncio à falar na Tribuna Livre da Casa de Leis. Gadiel Silva assegura que o fato do presidente ter utilizado a sua prerrogativa como chefe do Legislativo para deixar Marina utilizar a Tribuna foi por conta de que ela falaria algo que o beneficiasse.

“Ele só autorizou ela com a quebra do Regimento [Interno], pois ela não poderia falar. Ela tinha um prazo [para se respeitar] de 90 dias. Mas ele falou que quem manda na Câmara era ele, que não tinha juiz, que não tinha promotor, e que ele ia fazer ela falar. Ela pegou e usou a Tribuna com uma carta por escrito a qual ele escreveu para ela falar”, alega Gadiel.

Indagada o porquê do uso da Tribuna Livre por ela, e a leitura da suposta carta, Marina diz que gostaria de utilizar o espaço, que acontece pós sessão ordinária, para falar sobre um problema escolar em seu bairro, o Uirapuru.
“Eu queria usar a Tribuna para falar de um outro problema. Na qual o Elcio Amâncio e o diretor da Câmara iria ajudar. Eles estavam fazendo uma ajuda na escola. E no uso da Tribuna eu falo sobre a sindicância que tinha de uma diretora da escola. A finalidade do uso da Tribuna era essa”, alega Marina.

A denunciante disse à nossa reportagem que ainda avisou Elcio Amâncio sobre as denúncias que, à época, poderia fazer.
“Quando eu tive conhecimento disso que ele falou, ele vim falar com ele e eu avisei ele que eu iria fazer isso. ‘Elcio, houve quebra de decoro sim’, o vereador não me respeitou como cidadã… se eu quiser utilizar isso contra, fizer algo e mostrar que está todo mundo errado dentro do plenário, ele pediu para que não fizesse e fez esta carta. E isso é que eu queria ter falado na Comissão Processante. Eu queria provar o porque”, diz Marina que argumentou ter provas que poderia ter cassado Elcio Amâncio.

O outro denunciante, Gadiel Silva tem dúvidas do caminhar da Comissão Processante contra Elcio Amâncio. Para Gadiel, o processo ‘estava viciado’ e que não confiava na advogada da Câmara como assessoria jurídica do processo.
“O processo foi viciado, a advogada que estava assessorando eles [vereadores] era comissionada do vereador acusado e isso é conflito de interesses. A advogada que estava assessorando o Rafael Piauí (vereador- presidente da Comissão Processante) era a advogada da Câmara”.
“Que processo que você vai julgar que não se ouve as partes? Isso não tem lógica. Não teve um processo”, diz Gadiel que também alega que em nenhum momento foram procurados para que apresentassem as provas que tinham contra o presidente da Câmara que estava sendo investigado.

Durante o andar do processo, já acolhido pela Câmara e votado a sua continuidade, Marina teria pedido que se cumprisse o artigo 333 do Regimento Interno da Câmara de Cosmópolis que pede o afastamento imediato do vereador investigado e a convocação do seu suplente, que no caso foi o médico Rafael Gonçalves (MDB).
Na entrevista de Elcio Amâncio, o presidente disse que ‘eles estariam fazendo um jogo político’ por protocolar um pedido para que se assumisse o suplente.
Gadiel Silva rebate a insinuação: “Aí na cabeça deles passa que a Marina tá fazendo jogo político, pois ficou claro que esta votação [que arquivou o processo contra Elcio Amâncio] teve uma coisa muito inusitada: seis vereadores aprovaram a denúncia para instauração da Comissão. E depois os próprios vereadores que aprovaram a denúncia arquivaram ela. Não tem lógica um negócio destes”.

A respeito das acusações de Elcio Amâncio sobre a possibilidade de Marina e Gadiel serem agentes políticos ‘querendo o poder a todo custo’, o presidente da Associação mostrou um documento onde assegura que ele não é filiado à nenhum partido político. Marina disse que está em processo de desfiliação de um partido a qual fez parte para que continue a trabalhar com a associação na fiscalização de agentes públicos.

“Ele está falando de jogo político, mas quem está fazendo jogo político é o senhor vereador Elcio Amâncio, porque, por incrível que pareça, no mesmo ano em que o pai vira presidente da Câmara, o filho vira diretor de secretaria na Prefeitura”, diz Gadiel.
E ainda corrobora: “Quem faz manobras políticas e quem faz de tudo para se perpetuar no poder é ele. Não é a gente. Eu não tenho pretensão política”.

Marina ainda diz que se sentiu ofendida após um vereador dizer que pelo fato de estar utilizando da Tribuna Livre para se expressar, Zezinho da Farmácia (PV) disse que “ia pegar o Regimento Interno e ia se limpar com ele. Eu estava lá na Tribuna e eu me senti ofendida. Eles falam na denúncia que eu não precisava me sentir ofendida, mas eu me senti como cidadã”, alega Marina.

Sobre o motivo de denunciar Elcio, Marina diz que “eu não quero que todo mundo pense que eu fiz isso para ele. Eu fiz isso por todo mundo, para quem vem nas sessões, para quem é contra o que está acontecendo”.
A advogada que ajudou Marina a confeccionar a denúncia de Elcio, de acordo com ela, foi quem procurou a denunciante e se prontificou à ajudar a formular a denúncia. A advogada Roseli Janotti, de acordo com Marina, faz parte de um grupo político, mas Marina diz que ela mesmo não faz parte.

Ainda sobre o pedido de afastamento de Elcio, tanto Marina quanto Gadiel dizem que são alvos de ‘fakenews’ dizendo que são contra os repasses à instituições filantrópicas da cidade. Pois segundo eles, um grupo político teria acusado a Associação de tentar anular uma sessão extraordinária onde se votou os repasses anuais de instituições da cidade.
Marina e Gadiel dizem que em nenhum momento tentaram prejudicar estas instituições e que nunca fizeram o pedido de anulação desta sessão, que ocorreu antes do carnaval.
“Não partiu da Marina, de anular a sessão. Nem da Marina e muito menos da Associação”, diz Gadiel que assegura que quem fez o pedido foi a doutora Roseli Janotti.

Os denunciantes dizem que somente querem fazer valer a Lei. E que são contra a forma com que o presidente da Câmara de Cosmópolis se dirige à eles como forma preconceituosa.
“Ele até falou ‘pessoas ruins’, na entrevista do Portal. Ele falou que deu a entender que a gente é vagabundo na palavra dele. Porque, se a gente estava lá para comentar a live dele naquele horário é porque não estávamos trabalhando… isso é lamentável um representante da população falar isso para um cidadão e uma cidadã que tem legitimidade em denunciar”, finaliza Gadiel.

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