21/09/2019

Craque da bola e das tesouras: conheça o alfaiate mais antigo de Cosmópolis

Aos 83 anos, Helynito José Nallin também já integrou o time da Ponte Preta e Guarani

Letícia Leme

Levantar cedo e sempre realizar a mesma tarefa pode ser exaustivo. Já ouvi muito disso, e posso apostar que você também. E tudo bem! para muita gente a teoria se aplica perfeitamente. No entanto conheci alguém que é apaixonado pelo que faz. Um daqueles achados raros, de quem só se ouve falar. Helynito José Nallin, morador de Cosmópolis, é o personagem de hoje.

Seu Nito se embrenhou pelo universo da alfaiataria aos 12 anos, uma época em que o trabalho infantil era aceitável e que os estudos não estavam ao alcance de todos. Cortar e medir eram atividades comuns para alguém nada comum. Digo isso porque em meia hora de conversa a singularidade do alfaiate cosmopolense se fez notável, bem como o amor pela profissão.

‘Craque da bola e das tesouras’ já é um jargão clichê, muito utilizado para defini-lo. Contudo, resume em poucas palavras uma vida que vale a pena ser contada. Aos 83 anos, seu Nito é considerado o mais antigo alfaiate de Cosmópolis e já teve a oportunidade de ver trajes feitos por ele viajar o mundo a fora. Isso porque, costurou para artistas, ex-jogadores e confeccionou figurinos para novelas.

Como se não fosse o bastasse, Helynito já integrou o meio esportivo. Na ocasião jogou pelo Guarani e Ponte Preta, onde marcou vários gols e contribuiu para muitas vitórias dos times. Apesar da vida corrida, entre o campo e o ateliê, seu Nito garante que foram momentos vividos com muito prazer. Afinal, trata-se das duas grandes paixões dele.

Mas engana-se quem pensa que ele se gaba por isso. Durante várias momentos em nossa conversa, o senhorzinho de fala mansa e sorriso acanhado pontuou o que acredita ser mais valioso no mundo: amizade. Nada de fama ou grandes riquezas, o alfaiate teima em dizer que o maior bem a ser conquistado é a simpatia daqueles que nos cerca.

Um ateliê, inúmeras memórias

Talvez você já tenha passado em frente ao ateliê de seu Nito e se perguntado o porquê do lugar não ter recebido uma ‘repaginada’ nas últimas décadas. No prédio há uma máquina com mais de 150 anos de história, vários guias de medidas com folhas amareladas – que denunciam o tempo de uso – , mesas centenárias e outros tantos artefatos que são colecionados pelo alfaiate.  A resposta dada por ele é cheia de significados: lembranças do pai e do tempo em que trabalharam juntos. Lembranças essas que, nada inventado após os anos 60 poderá substituir.

Garanto a você, caro leitor, que a vida de ‘Nito, o alfaiate’ vale a pena ser vivida. Aristóteles, filósofo grego muito conhecido, diria que ele alcançou a eudaimonia – um termo que simplifica uma existência feliz, de alguém que faz aquilo que nasceu para fazer. Te convido a conhecer um pouco mais sobre esse senhorzinho da foto, que esbanja alegria e experiência.

Assista ao vídeo:

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