01/02/2021

Cosmopolense produz documentário com relato de mulheres negras

Situações racistas sofridas por estas mulheres é um dos assuntos da obra

Imagem: Gabriela Silva

Henrique Oliveira

Ainda que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) contabilize 53,6% da população brasileira é composta por negros (pretos e pardos), ainda há um fantasma que assombra o país: a discriminação.
A comunicadora cosmopolense Gabriela Silva, produziu um documentário titulado de “Cada mulher negra com sua história, sua luta e essência”, que está disponível na plataforma de vídeos YouTube.

A comunicadora Gabriela Silva

Com pouco mais de sete minutos de duração, Gabriela ouviu e documentou oito mulheres negras cosmopolenses que de uma a uma relatam situações de racismo em toda a sua vida: da infância até os dias de hoje.
Já nos primeiros segundos de filme já é possível ver qual a intenção da obra ‘como é ser mulher negra no Brasil’. A obra visual também deixa os relatos destas mulheres sobre a importância do dia da Consciência Negra, que no Brasil é comemorado no dia 20 de novembro, em memória de Zumbi dos Palmares.

Cosmopolense: Por qual motivo você decidiu fazer este documentário, e a escolha deste tema?
Gabriela: Sempre gostei de causas sociais e defendo com avidez à luta pela igualdade. Todos somos iguais, cada um com sua particularidade e singularidade. Pensando nisso, aceitei de imediato o convite da Bruna Saldanha de registrar através de um ensaio fotográfico a força dessas mulheres negras cosmopolenses. Era pra ser apenas um ensaio, mas tive a ideia de expressar a essência dessas mulheres através de um vídeo, documentário.

Cosmopolense: Qual foi o critério de escolha destas mulheres?
Gabriela Silva: Mulheres negras cosmopolenses que viveram momentos de luta e foram alvos de preconceitos, mas que hoje são livres para se amarem do jeito que são e incentivam outras mulheres a demonstrarem essa mesma força. Cada mulher negra com sua história, sua luta e essência!
Cosmopolense: Os relatos das mulheres são bem pesados. Embora saibamos que o racismo é grande no Brasil, como você vê esta situação?
Gabriela Silva: Diariamente vemos notícias relatando o preconceito e isso sempre me incomodou muito, foco atordoada diante dessa realidade.
Até um tempo atrás, as negras sequer eram consideradas como seres humanos. Os dados da violência são parte da herança histórica, que recai sobre elas. Embora sofram a violência de gênero, às mulheres brancas é dado uma dimensão de humanidade que é negado às mulheres negra.

Cosmopolense: Qual a mensagem que você quer passar neste material?
Gabriela Silva: Finalizo com um recado: Eu diria para acreditarem em seus potenciais e na verdade dos seus sonhos. Para não escutarem quem as limita e diz que elas não conseguirão. Que trabalhem e se esforcem para realizar os seus objetivos, porque vocês podem e merecem esse lugar de destaque. Por mais que a sociedade diga ‘não’, seja você a transformação da sua vida e da vida de sua família. Deus ama vocês como são, mulheres únicas! Participar desse movimento indescritível! Agradeço a Deus pela sua bondade e por seu grandioso Amor em cada detalhe desta ação. No documentário, uma das coisas que mais me tocou particularmente, é que depois de anos alisando os cabelos, elas passaram pelo processo de transição capilar e descobriram que a beleza de cada uma é SINGULAR e não precisam se adequar a padrões que não a incluem. Esse processo de empoderamento enquanto mulher preta refletiu também na autoestima delas, consequentemente, no visual.
A mulher negra é alvo de uma intersecção de discriminação: gênero, raça e classe. A mulher negra se reinventa, luta por igualdade, respeito, dignidade e oportunidade. Ela também tem talento, estuda, trabalha, ama, constrói família e possui a sua beleza única.

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