31/05/2021

Cosmopolense percorre Águas da Prata à Aparecida em 4 dias de bicicleta

Henrique Oliveira “A fé move montanhas”. Este dito popular sempre é utilizado por aqueles que querem expressar sua motivação para vencer um desafio ou algo que o impede de prosseguir na vida. Mas há pessoas que levam este ditado popular a sério, e por quatro dias venceram as montanhas e estradas de terra. Este é […]


Henrique Oliveira

“A fé move montanhas”. Este dito popular sempre é utilizado por aqueles que querem expressar sua motivação para vencer um desafio ou algo que o impede de prosseguir na vida.
Mas há pessoas que levam este ditado popular a sério, e por quatro dias venceram as montanhas e estradas de terra. Este é o início da história de dois ciclistas, um deles cosmopolense, Fábio Ferrugem – cabo da Polícia Militar de Cosmópolis – que por quatro dias pedalou no Caminho da Fé.

O caminho escolhido por Fábio, e sua equipe, foi de Águas da Prata (SP) até a cidade de Aparecida (SP), onde fica instalada a Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no Vale do Paraíba. São 330 quilômetros passando por dentro de Minas Gerais.
E aquilo, que comumente muitos fazem em cinco a seis dias, os dois peregrinos levaram quatro.

O início

Fábio conta que sua ansiedade por ter contribuído para que o primeiro dia de pedalada, entrando no estado de Minas Gerais, pode ter contribuído para que as câimbras fossem um fator que poderia o tirar da pedalada, que fazia com seu amigo, também policial, Sargento Prates.
Mas a motivação, segundo Fábio, foi maior que as dificuldades. Por ser um ciclista que está na ativa, Fábio continuou com a meta de percorrer todo o percurso até a capital católica brasileira.

Fábio relata que todos sabiam da dificuldade. O companheiro de pedalada Prates já tinha percorrido por algumas vezes o Caminho da Fé, porém na caminhada. De bicicleta, seria a primeira vez de ambos. E Fábio diz que na noite anterior ao início da aventura, a ansiedade tomou conta e a insônia veio.

“Os salva vidas”

São 330 quilômetros de pedalada da cidade, que fica o início oficial do Caminho da Fé até Aparecida. Neste percurso, Fábio conta que o terreno era difícil, em trechos muito íngremes, de pavimento muitas vezes de terra que necessitava de muita concentração e preparo físico.
O ciclista conta que o apoio de uma pessoa experiente no local foi de extrema importância. No caso eles contaram com apoio do ‘Seu Luiz’, ou melhor ‘Mineirinho’, que é maratonista, experiente atleta de Montain Bike, montanhista e escalador.

Outra importante peça foi o Sargento Prates. Fábio conta que ele fez todo o roteiro para a pedalada.
“O planejamento todo foi feito pelo Sargento Prates. Ele quem é o idealizador. Onde parar, quais as pousadas, onde seria onde pararíamos para dormir, para se alimentar. Ele fez o caminho a pé, mas de bicicleta tanto ele quanto eu é a primeira vez”, conta Fábio.

Para conseguir seguir pelo caminho, Fábio e Prates necessitava de duas peças fundamentais de apoio. Uma é Mineirinho, outra é o também policial militar, Cabo Alberto Junior, que como relata Fábio, foram seus ‘salva vidas’.
Alberto e Mineirinho ficavam no carro de apoio. Este veículo era utilizado pelos ciclistas para um local de alimentação rápida, hidratação e, se preciso, de troca de bicicletas ou peças.

“A presença do Alberto e do Mineirinho foi essencial. Fazer sem apoio é muito difícil, é um muito pesado, é muito mesmo. Foi importante ter uma fruta para você comer, uma água fresca no topo da montanha… apesar do local ter muitas minas de água, mas nada como você saber que no alto da montanha tem alguém te esperando pra te auxiliar”, agradece Fábio o apoio de Alberto e Mineirinho.

Apesar de ter material e peças de bicicleta à disposição no carro de apoio, Fábio conta que não foi necessário a sua utilização. Sendo que eles precisaram de lubrificar as correntes das bicicletas apenas uma vez nos quatro dias. Aquilo que é comum nestas viagens, nem troca de pneus por algum eventual furo foi necessário.

O caminho e a motivação

Embora as duas palavras estejam ligadas, neste caso, Fábio conta que o caminho faz com que te motive a continuar. As belas paisagens, o ar fresco, o silêncio das montanhas de Minas Gerais e São Paulo, fazem o desgaste físico e o cansaço valerem a pena.
Fábio relata que conheceu muitos peregrinos que também faziam o caminho a pé. E que um destes, que caminhava pelo local, o motivou ainda mais e lhe deu fôlego quando lhe disse: “Tudo que é bom dura o tempo certo”.
“Isso foi muito bom para nós. Quando você está indo e tem uma descida, é bom pois você está descendo, mas você sabe que a subida vai ser pelo menos o dobro. Estou descendo, descansando, mas tenho que subir dobrado… então tudo que é bom, realmente, dura o tempo certo”.

Além da motivação da natureza que os cercavam, das serras de Minas Gerais e de São Paulo, como a famosa Serra da Mantiqueira, fronteira natural entre os dois estados, Fábio diz que antes de sair de Cosmópolis recebeu das mãos da amiga Marilza Sperindione um terço. Este terço, pendurado em sua bicicleta, o motivou a chegar. Além das muitas intensões de fé e pedidos de amigos que Fábio e Prates levavam por meio de cartinhas ao Cenáculo mariano. Mesmo não sabendo o teor, Fábio diz que se motivava a levar estas profissões de fé a Basílica.

A chegada

Perguntado sobre a chegada em Aparecida, após quatro dias de pedalada, Fábio reforça a motivação, agradece o apoio de seus amigos e diz que se sente feliz por ter concluído tal façanha.
“A sensação de chegada é a melhor possível. Quando [pelo caminho] você encontra placas indicando Aparecida e uma setinha indicando assim… é muito bom. Por estar na companhia do Sargento Prates, do Alberto e do Mineirinho, me deu confiança de ir até o final. E me senti confiante de pedalar, mesmo com o joelho inchado, de se chegar até Aparecida“, relata Fábio sobre a sua chegada até ao pátio de estacionamento da Basílica de Aparecida. Por conta das inúmeras restrições impostas pelo governo na tentativa de minimizar o contágio de coronavírus, a Basílica estava fechada. Mas valeu a foto da fachada do templo.

E deixa uma dica para quem deseja fazer o caminho de peregrinação religiosa: “A melhor sensação que eu tive… a sensação de chegada. Saber que nós concluímos o desafio… É você vencer você mesmo. Para se iniciar esta peregrinação, esta viagem, você necessita fazer algumas renúncias. Ou seja, a você mesmo. Precisa ter confiança que você chegará ao destino… e eu tinha plena confiança que chegaria, nem se para isso pedalasse de uma perna só”, finaliza Fábio sobre a aventura com os amigos.

O Caminho da Fé

“O Caminho da Fé (Brasil), inspirado no milenar Caminho de Santiago de Compostela (Espanha), foi criado para dar estrutura às pessoas que sempre fizeram peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, oferecendo-lhes os necessários pontos de apoio e infraestrutura. A ideia da sua criação ocorreu após um dos organizadores percorrer por duas vezes o conhecido caminho espanhol. Imbuído do propósito de criar algo semelhante no Brasil”, diz trecho da página oficial do caminho.

Para se chegar à Aparecida, o peregrino passa pelos municípios de: Águas da Prata (SP), Andradas (MG), Ouro Fino (MG), Inconfidentes (MG), Borda da Mata (MG), Tocos do Moji (MG), Estiva (MG), Consolação (MG), Paraisópolis (MG), Brazópolis (MG), Campos do Jordão (SP), Pindamonhangaba (SP) e Aparecida (SP).

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