25/07/2024

Atleta de bumerangue leva Cosmópolis aos EUA e traz título mundial para casa

Professor de educação física e coach de crossfit, Otávio Lemos supera desafios, une lazer e competição e planeja ampliar a visibilidade do esporte no país; ele ainda sonha em estar entre os 5 melhores atletas do mundo

Time brasileiro comemora vitória erguendo troféu – reprodução/arquivo pessoal de Otávio

Felipe Pessoa

Este ano, o ar está carregado das vibrações do iminente começo das Olimpíadas, que em 2024 serão sediadas em Paris. Atletas em preparação já estão afilando as arestas de seus treinos e se aprontando para o início oficial dos jogos, bem como veículos de mídia esportiva já estão aquecendo os motores para iniciar a intensa cobertura do evento quadrienal. Mas a competição por uma modalidade peculiar que aconteceu durante este mês já se antecipou na tarefa de trazer títulos para o Brasil: o lançamento de bumerangues.

O time brasileiro de bumerangue BR Rangs conquistou o título mundial pela modalidade num campeonato que aconteceu em Denver, Colorado, nos Estados Unidos, entre os dias 7 e 10 de julho. A equipe brasileira enfrentou outros 11 times, incluindo os EUA, que vinha se mantendo invicto em campeonatos mundiais por três edições. O time brasileiro acabou vencendo por uma margem de 8 pontos, e incluiu atletas de Minas Gerais, Mato Grosso e Santa Catarina.

O nome de um cosmopolense também está entre os competidores. Otávio Lemos, 44, professor de educação física e coach de crossfit, de Cosmópolis, é um dos atletas que foi à Denver para disputar o título.

Otávio segura troféu – reprodução/arquivo pessoal de Otávio

Ele conta que, atualmente, é apaixonado pelo esporte, que passou a ser sua atividade física principal, chegando a praticá-la de 2 a 3 vezes por semana. Além de atleta, ele também é artesão de bumerangue, ou shaper, a que ele atribui uma função terapêutica. “Hoje, o Bumerangue tem um espaço muito especial em minha vida, como esporte e também lazer.  E fazer bumerangues, pra mim, também é uma forma de terapia.”

No entanto, nem sempre foi assim. Apesar de ser próximo do mundo dos esportes, Otávio tem histórico recente com o bumerangue. Ele conta que o primeiro contato que teve com a modalidade foi quando tentou implementá-la na rotina de seus alunos.

Primeiro, ensinou os estudantes a produzirem seus próprios bumerangues como uma forma de praticar artesanato nas situações em que não era possível levá-los para fora da sala de aula. Mas o “brinquedo” ganhou a simpatia da turma, que passou a levar os bumerangues às quadras escolares e deixar que eles fizessem jus à sua função: voar.

Como funciona o lançamento básico todos conhecem bem: o braço transpassando o tronco à altura do peito, dedos firmes segurando um dos lados e, por fim, um impulso que leva o bumerangue às alturas – movimento com que Otávio logo se tornaria familiar.

Ele diz que caiu de vez nas graças da prática quando teve a ideia de comprar um bumerangue para si pela internet, e completa, aos risos, dizendo que “foi amor ao primeiro arremesso”.

Otávio após arremesso de bumerangue – reprodução/arquivo pessoal de Otávio

Otávio conta que começou a jogar em 2018 por puro lazer, sem maiores pretensões e sem sequer saber que existiam competições da prática. Ele foi descobrir o status de esporte do bumerangue e as diversas modalidades que existem de forma casual, através de amigos.

De cara, Otávio não se interessou por participar de competições. Ele relata que os amigos precisaram insistir para que ele pensasse em competir. Foi quando, em 2022, ele aceitou, e foi parar no Campeonato Brasileiro de Bumerangue, o CBB, que acontecia em Patos de Minas, a 601,9 km de Cosmópolis.

Naquele ano, Otávio foi campeão na categoria iniciante e garantiu o 3° na categoria geral. Ele competiu também no campeonato Paulista, em 2023, alcançando a 2° colocação. Competiu no Brasileiro também em 2023 e novamente em 2024, o último sendo o que lhe garantiu a melhor colocação em 4. Foi como ele conseguiu a vaga na equipe Brasileira e sua classificação para o Mundial.

Neste último, que aconteceu nos Estados Unidos, um novo desafio teve destaque. “Quanto à língua inglesa, só tenho conhecimentos básicos . Tive dificuldades, mas consegui me virar. Nosso ambiente era bem diversificado entre idiomas, mas sempre o inglês predominava. O espanhol também me salvou algumas vezes”, conta Otávio.

Ele diz que a relação com sua equipe e com os oponentes é algo que ganha seu coração nas competições. “Umas das coisas mais legais na competição é o contato com outros jogadores. Apesar de todos estarem disputando uns com os outros, existe sempre uma integração muito forte e um grande aprendizado entre nós.” Ele também expressou sua admiração pelo cenário do bumerangue, com que passou a ter contato depois de iniciar na modalidade. “No Brasil, temos alguns atletas de ponta, como André Caixeta e Eduardo Místico, que despontam no cenário Mundial. E temos o prazer de jogar e aprender com eles nestes campeonatos. Além de muitos outros atletas fenomenais.”

Equipe brasileira ergue bandeiras do time e do país – reprodução/arquivo pessoal de Otávio

No entanto, apesar de ter levado algum tempo para ser convencido a participar dos campeonatos, sua relação com esportes no geral é bastante íntima, e o apelo competitivo sempre esteve com ele. “Meu gosto por competir é (presente) desde criança. Sempre fui atleta, iniciei com ginástica olímpica aos 8 anos, depois, pratiquei atletismo, handebol e ginástica acrobática. Hoje, pratico crossfit e faço corridas de rua, além de ser técnico de handebol dos times adultos da cidade. Encontrei, no bumerangue, essa paixão de estar em (um esporte de) alto nível novamente.”

Ele conta que o período de treinamento para a competição exigiu disciplina, além de ter precisado de um preparo físico pensado especificamente para aumentar sua resistência aos vários dias de competição. “Minha preparação foi bem intensa, principalmente nos treinos das modalidades de time com características bem específicas, que normalmente não treino. Coordenação com outro lançador, posicionamento, entre outros.”

Equipe brasileira posa, de costas, para foto – reprodução/arquivo pessoal de Otávio

“Minha relação com o time é muito boa, somos uma família e mantemos contato constante, mesmo morando longe. Somos muito unidos e focados no que fazemos. Sempre nos reunimos no dia anterior para analisar as provas e definir as táticas de cada prova. Todos no grupo têm voz ativa e a democracia permeia nossas decisões”.

Equipe ergue bandeira do time Br Rangs após vitória – reprodução/arquivo pessoal de Otávio

Otávio não tem planos de parar. Ele conta que ainda almeja conquistar um campeonato brasileiro e quer estar entre os 5 melhores atletas do mundo, além de querer atuar para fazer com que o esporte se torne mais conhecido no Brasil. “Existem vários bumeranguistas  no Brasil, mas a maioria pratica por prazer, e não compete”, explica.“Estamos sempre trabalhando para melhorar a divulgação do esporte através de competições, eventos e oficinas. Principalmente tentando alcançar a criançada. Esperamos que, com essa conquista, consigamos expandir nosso esporte para os 4 cantos do Brasil, e para isso contamos com o auxílio de todos da imprensa.”

Ele já adiantou alguns planos, junto à Prefeitura de Cosmópolis, que o tem apoiado e a quem ele agradece. “Já estamos conversando sobre o projeto de 2026 que será na Indonésia, procurando apoio e patrocínios também.”

Otávio Lemos em meio a arremesso – reprodução/arquivo pessoal de Otávio

Otávio enxerga o esporte como um elemento de transformação social. “Na vida profissional, minha meta sempre é auxiliar as pessoas a terem uma qualidade de vida melhor, e, quanto às crianças, auxiliar em sua formação como seres integrantes e responsáveis da sociedade. Através do esporte, incluir valores em suas vidas. Sou muito grato por tudo o que o esporte me proporciona até hoje”, finaliza.

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