Após vencer câncer de mama, cosmopolense realiza palestras motivacionais

Letícia Leme

Discutir padrões estéticos, pregar amor próprio, falar sobre a importância de exames preventivos e compartilhar experiências. Esses são alguns dos pontos debatidos por Adriana Montes, palestrante de Cosmópolis. A ideia, de acordo com ela, surgiu diante da necessidade de disseminar informações a respeito do câncer de mama, doença que todos os anos vitima milhares de mulheres no Brasil.

Adriana já enfrentou o Carcinoma Ductal Invasivo e espera que a experiência dela incentive outras mulheres a adotar um estilo de vida que colabore com a prevenção da doença. “O que eu passei pode ajudar outras mulheres que estão passando pelo tratamento ou que vão passar. Posso levar informações sobre a prevenção do câncer de mama para que as mulheres se cuidem mais e deem mais importância para isso, porque muitas vezes as pessoas não dão importância para a saúde”, ressalta.

Ela relata que a facilidade em falar sobre o assunto contribuiu para que as palestras fossem além das ideias, bem como a falta de projetos sociais que forneçam informações ao público feminino de Cosmópolis. “Quando eu estava fazendo o tratamento eu pensei que se eu passei por aquilo, eu tinha que fazer algo de diferente, principalmente aqui na cidade, que ainda falta bastante informação ou até apoio, já que muitas cidades já têm grupos que apoiam a mulher que está passando por tratamento. Infelizmente acontece cada vez mais, e quem não está passando pelo tratamento não sabe o que é “, acrescenta.

Segundo informa o Ministério da Saúde do Estado de São Paulo, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do câncer de pele não melanoma. A doença responde, atualmente, por cerca de 28% dos casos novos de câncer em mulheres. Para o ano de 2018, foram estimados 59.700 novos casos de câncer de mama no Brasil.

Público alvo

As palestras ministradas pela cosmopolense são voltadas para todos os públicos e  trazem informações relacionadas as diversas fases vivenciadas por mulheres que enfrentam a doença, e por aqueles que as cercam. “Eu conto sobre a  minha história sobre como foi quando eu senti o nódulo, quando recebi o diagnóstico, como foi o tratamento e o que isso mudou na minha vida. Não entro muito em detalhes técnicos porque eu não tenho a formação. Falo também como eu passei a ter mais qualidade de vida e a cuidar mais da minha saúde depois do que aconteceu”, conta.

“É uma palestra de vida realmente, porque muita coisa mudou na minha vida, e mudou para melhor”

O movimento conhecido como Outubro Rosa nasceu nos Estados Unidos, na década de 1990, para estimular a participação da população no controle do câncer de mama. A data é celebrada anualmente com o objetivo de compartilhar informações sobre o câncer de mama e promover a conscientização sobre a importância da detecção precoce da doença.

“Normalmente eu faço as palestras para um público muito próximo a mim, mulheres aqui da cidade e que vivem a mesma realidade. Ninguém vai sair para ir em uma palestra de câncer de mama lá em Campinas, por exemplo. Principalmente que não está passando por isso. E acaba por gerar um desconhecimento da causa, de como está o tratamento e da evolução que teve. Ainda tem muito tabu, muito preconceito. Para mim a palestra é uma maneira de conscientização, uma maneira de plantar uma sementinha, não só para ela ir fazer o autoexame, mas essas mulheres passarem para outras mulheres. Eu me sinto um agente informativo, na verdade”, revela Adriana.

Adriana garante que debater o assunto realmente traz resultados. “Tem mulheres, por exemplo, que dá um start. ‘Ah, nunca procurei um médico, vou procurar’. Tem gente que fala que a campanha [Outubro Rosa] é comércio, só que a gente ouve tanto falar e bate tanto na tecla, que tem mulher que fala assim: ‘Eu vou procurar um médico’, e acaba elegendo outubro como um mês que ela faz os exames. Eu tenho amigas que descobriram durante a campanha do outubro rosa que estavam com câncer”, relata.

Tabu

A palestrante expõe que o fato da sociedade impor vários padrões estéticos corrobora para que o assunto ainda seja considerado um tabu. “Esse é um assunto bastante polêmico, tenho algumas opiniões em relação a isso. Hoje a sociedade exalta muito o corpo perfeito, o rosto harmônico, esses tipos de coisa. Mesmo com tantas coisas falando ao contrário. Eu vejo todo mundo levantando bandeira do feminismo, que a mulher deve ocupar o seu lugar na sociedade e muitas vezes a mulher nega o próprio corpo, nega aquilo que ela está passando”, pondera.

Associado a isso, a cosmopolense credita a negligência em realizar exames ao fator medo. “É preciso ter coragem para aceitar que você tem algum problema. Muitas mulheres não procuram porque acham que quem ‘procura acha’. Mas que bom que quem ‘procura acha’, porque hoje a medicina está muito evoluída e o tratamento de câncer mudou. E não é só em relação ao exame da mama, mas em relação ao câncer. Você pode perder a mama se não tratar, perde o cabelo ao fazer quimioterapia e a gente tem vários esteriótipos. Então a mulher tem medo de procurar e ter alguma coisa. Mas não dá para deixar passar, não podemos negligenciar a nossa saúde”, conclui.

“É preciso ter coragem para aceitar que você tem algum problema. Muitas mulheres não procuram porque acham que quem ‘procura acha’. Mas que bom que quem procura acha”

Confira a agenda de Adriana Montes:

16/10 – Participação Outubro Rosa Coc Barão Geraldo e Palestra na Academia Queens

17/10 – Ensaio fotográfico para Outubro Rosa com Ariane e Luana Bossardi

19/10 – Aniversário Simone Zanelatto

23/10 – Participação Outubro Rosa COC Barão Geraldo e EJA EMEF Edson Luis de Lima Soito Campinas

28/10 – Clube Cosmopolitano

29/10 – Casa Brasil Sumaré

30/10 – Encerramento Outubro Rosa Barão Geraldo

31/10 – Roda de conversa no Grupo Melhoração

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