30/03/2019

Ações solidárias são promovidas para ajudar abrigo de animais em Cosmópolis

“Vale muito a pena, a gente não consegue salvar todo mundo, mas o olhar de gratidão dos que a gente consegue salvar faz valer a pena. Não tem recompensa maior no mundo que esse olhar de gratidão”, relata uma das protetoras do abrigo

Letícia Leme

Uma chácara, três protetores, 91 cães, 25 gatos, dois porcos e duas galinhas. Trata-se da “Casa di Gato&Dog”, um abrigo que atende animais resgatados em situações de abandono e maus tratos. Idealizado em Campinas (SP), atualmente a entidade está localizada na cidade de Cosmópolis, que com poucos recursos, depende de ações sociais para custear medicamentos e ração para os animais. No entanto, quando essa ajuda não acontece, os próprios protetores arcam com as despesas.

Um dos cães atendido pela “Casa di Gato&Dog”/Foto: Marcelo Cereser

A necessidade de se criar um abrigo veio junto com um resgate que Andreia Rowlands Carvalho, uma das protetoras da Casa, ajudou a fazer. “Eu recebi o pedido de ajuda de uma, em teoria ‘protetora’ – que depois a gente veio a descobrir que era na verdade uma acumuladora – que ia ser despejada e não tinha pra onde levar os 60 gatos a quem dava abrigo. A gente foi socorrer, ver o que estava acontecendo e deparamos com o estado lastimável dos bichos. Então a gente formou um grupo para resgatar esses gatos e quando efetivamente fizemos o resgate, vimos que não eram 60 gatos, e sim 110”, relembra.

Inicialmente, a Casa era só “di Gatos”, já que, segundo Andreia, havia muitas ONGs que atendiam cachorros e a necessidade de cuidados para felinos emergia na região. No entanto, houve uma mudança de planos quando, mais uma vez, a equipe foi acionada para outro resgate. “Uma das pessoas do grupo recebeu uma denúncia de uma acumuladora de cães que fazia a mesma coisa que a mulher dos gatos: pedia dinheiro, se fazia de protetora, pedia na internet para os bichos e usava para ela, deixando os bichos a ‘minguá’. Foram resgatados 70 cães”, relata.

Foto: Marcelo Cereser

Uma das maiores dificuldades enfrentadas pela casa é a parte financeira. Quando os valores arrecadados com doações e ações sociais não são suficientes, os protetores são levados a custear com recursos pessoais. “A doação que recebemos é pouca, e tem muita gente que fala que vai doar, doa um mês e no outro mês já não doa. Então é uma coisa que a gente não pode contar. Então todos os nossos custos a gente divide em três, quando a gente recebe alguma ajuda a porcentagem de cada um diminui”, explica a protetora.

Mesmo com todas as dificuldades que o abrigo enfrenta, Andreia se diz satisfeita com o trabalho que a equipe desenvolve em prol dos animais carentes, e enfatiza que se cada um colaborasse – mesmo que um pouco – a situação seria bem diferente. “Vale muito a pena, a gente não consegue salvar todo mundo, mas o olhar de gratidão dos que a gente consegue salvar faz valer a pena. Não tem recompensa maior no mundo que esse olhar de gratidão. Se cada um fizesse sua parte, não sobraria tanta coisa para poucas pessoas. Se você passa na rua e vê um bichinho atropelado, socorre e leva para o veterinário. Se as pessoas se sensibilizasse e cada um fizesse sua parte, não ficaria tão puxado”, argumenta.

Foto: Marcelo Cereser

Marlon, “O sobrevivente”

Pequeno, mas bem levado. Quem olha vê só um cãozinho pequeno e com a carinha de sapeca, mas não imagina o motivo que o fez chegar até o abrigo e a resistência que tem Marlon.

Marlon no dia em que foi resgatado

Após a desocupação de uma das ruas de Campinas (SP), muitos animais foram deixados para trás, e mais uma vez Andreia e sua equipe foram solicitados para realizar o resgate. Ela estava em casa, quando o celular tocou. Do outro lado da linha uma pessoa, aos prantos, pedia pela ajuda da protetora. Aconteceu que uma máquina de demolição estava prestes a passar por cima do barraco onde Marlon estava.

Infelizmente, Andreia não conseguiu chegar a tempo de impedir a demolição. Contudo, já que estava ali, decidiu que iria fazer justiça. “Aí subiu a revolta, eu pensei: eu quero achar o corpo desse cachorro, porque eu quero processar a prefeitura (…) eu fiquei tirando escombro, eu queria achar o corpo do cachorro”, esbraveja enquanto relembra a história do cão.

Horas se passaram e, com ajuda de algumas amigas, Andreia continuava nas buscas. A surpresa veio quando, ao levantar a última madeira derrubada pelos tratores, Marlon apareceu ‘vivinho da silva’. “Se a gente não tivesse ficado ali procurando ele teria morrido, mas ele saiu vivo e está aqui até hoje. Mesmo com toda a história triste de ter sido soterrado, com um trator passando por cima e tudo mais, ninguém ainda quis adotar o Marlon”, lamenta.

Bazar Solidário

Quando soube das dificuldades financeiras que enfrenta a entidade, a moradora Pâmela Fernandes organizou um “Bazar Solidário” em prol dos animais. Este aconteceu no sábado (23) e todo o valor arrecadado foi destinado para compra de ração e medicamentos dos bichos. Contudo, o bazar continua em um grupo do facebook, onde são vendidas as peças que restaram.

“Eu tive a ideia de fazer um bazar beneficente para ajuda-la com os gastos. Foi um bazar presencial, realizado com doações de roupas e etc. Mas como acabou sobrando bastante coisa, tive a ideia de fazer o bazar online, assim continua rendendo um dinheiro para casa, até organizarmos um próximo bazar presencial. A Andreia faz um trabalho incrível, com muita dedicação e muito cuidado”, elogia a moradora.

Apesar de não ter conseguido o valor esperado, a moradora conta que se surpreendeu com o apoio que recebeu para que a ação acontecesse. “Me surpreendi com a quantidade de doações/desapegos (roupas, acessórios, sapatos) conseguimos arrecadar bastante coisa pra realização do bazar. Fiquei muito feliz, as pessoas se engajaram”, agradece.

Protetora X Acumuladora

Andreia deixa uma alerta para aqueles que desejam dar abrigos a animais abandonados, segundo ela é preciso “ter cuidado”. A verdade é que existe uma diferença muito grande entre uma pessoa protetora de animais e uma acumuladora. Se categoriza protetora aquela que atende bem a demanda que abriga, viabilizando os cuidados necessários e, claro, a comida necessária.

Já um acumulador é aquele que mantém em casa mais animais do que tem condições de cuidar e que, consequentemente, corresponde as seguintes diretrizes:

  • Manter uma quantidade de animais acima do normal;
  • Incapacidade em oferecer condições mínimas de nutrição, saneamento, abrigo e cuidados veterinários, o que frequentemente resulta em desnutrição, doenças e morte;
  • O indivíduo nega essa incapacidade e não enxerga o impacto negativo que a situação causa aos animais e humanos da residência.

“A gente tem que ter muito cuidado ao criar alguma entidade desse gênero, porque se não tiver recursos sai do nosso bolso e se não tiver como arcar, os animais passam fome. Então tem que se tomar muito cuidado com a quantidade de resgate e com o tipo de resgate, porque tem ação que requer muita medicação”, conclui.

Como colaborar?

Para quem tem interesse em conhecer mais sobre a “Casa di Gato&Dog”, basta acessar a Fan Page no Facebook ou contatar o telefone (19) 9.8164-1004. Em caso de ajuda financeira, depósitos podem ser realizados por meio das seguintes contas bancárias:

(Andreia Rowlands Carvalho)

Banco Itaú (preferencialmente poupança/500)

  • Agência: 2934
  • Conta: 09794-6
  • CPF: 294.813.868-05

Banco Santander

  • Agência: 4335
  • Conta:01.083201-4

Banco do Brasil

  • Agência: 1849
  • Conta: 43771-9

Banco Bradesco

  • Agência: 1397
  • Conta: 39229-4

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