16/12/2018

Acidentes constantes geram risco de morte a moradores de Cosmópolis

Dinalva Francisco da Silva e o esposo Sebastião contam o drama e o medo que passam há 30 anos

Henrique Oliveira

Morar em uma casa onde uma rodovia termina não é nada tranquilo. Os moradores da residência localizada no início da rua Coronel Silva Teles e término da rodovia Prefeito Oswaldo Heitor Nallin (SP-133) não tem tranquilidade ao dormir. Recentemente, na manhã da última terça-feira (11), um caminhão basculante, que estava no sentido Limeira (SP)/Cosmópolis, ficou sem freio e entrou no quintal da casa de dona Dinalva Francisco da Silva e o esposo Sebastião.

O caminhão desceu com tanta velocidade que as três lombadas que servem para redução, uma pequena mureta e trilhos de trem – que foram colocados na esquina – não foram suficientes para impedir que o veículo derrubasse o muro e invadisse o quintal da propriedade. A carreta ficou tombada e foi retirada por guinchos. Felizmente, ninguém ficou ferido no acidente.

Caminhão carregado de areia tomba após perder o freio vindo da rodovia SP-133 (Foto: 360Fly)

Quem é cosmopolense conhece muito bem a história desta residência. Mas quem conhece de perto esta situação é o casal Dinalva e Sebastião. Ambos são proprietários da casa que constantemente recebe “visitas indesejadas”. “À noite, ela [Dinalva] está dormindo e, de repente, escuta algo… Num jogo de futebol, quando um time ganha um campeonato e os carros buzinam, ela já pensa que é um caminhão, e já pula da cama”, conta Sebastião.

Há mais de 50 anos morando na mesma residência, Dinalva diz que já perdeu as contas de quantas vezes caminhões e ônibus não conseguiram realizar a acentuada curva e adentrou na casa. Hoje, a munícipe guarda 14 Boletins de Ocorrência (B.O.), nos quais o histórico é sempre o mesmo: invasão de caminhões e ônibus em seu quintal.

Sebastião reside no local há 11 anos e ainda se assusta inúmeras vezes com o forte barulho provocado pelos caminhões sem freio que arrastam o que estiver pela frente.

Emocionada, Dinalva lembra dos óbitos e dos feridos que os acidentes ali provocaram. E conta uma história que a marcou por toda a sua vida.

Dinalva e Sebastião pedem que problema seja solucionado

“Dona Ernesta morava aqui e um caminhão de madeira desceu e entrou na casa. Não a deixaram tirar a carga que estava no caminhão e tudo ficou na residência. No outro dia, desceu outro caminhão e ela estava na casa. Desta vez, não deu tempo dela correr e aí o caminhão caiu em cima dela. As cargas dos dois caiu em cima dela e a matou”, recorda Dinalva com tristeza.

Em outro episódio, há mais de 15 anos, a moradora conta que no local funcionava uma igreja evangélica. Um dia, os fiéis ainda não haviam chegado e um veículo arrastou o que tinha pela frente. “Um caminhão desceu com produto químico e entrou aqui. Ele foi parar em minha frente. Eu estava na sala. Deus não deixou chegar até mim. Foi onde perdi meus móveis, minhas roupas e vazou este produto químico, que acho ser amônia, e chegou a matar peixes no ribeirão Três Barras”.

Neste acidente, Dinalva lembra que teve que abandonar a residência dela e morar em outra pagando aluguel. Além do susto e do constante medo de um novo acidente acontecer, Sebastião e a esposa contam que muitos dos donos de caminhões e ônibus, ou as empresas responsáveis, não arcam com as despesas de construção de um novo muro ou de móveis que já se perdeu após os acidentes. “Muitas vezes temos que tirar do bolso. Às vezes nem temos de onde tirar, mas temos que tirar”, alega Sebastião.

Barreiras foram colocadas para amenizar estragos de possíveis acidentes

À respeito de uma solução definitiva para o problema, ambos dizem que por inúmeras vezes procuraram o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), contudo representantes do setor afirmam não ter responsabilidade sob o trecho. O órgão do Governo do Estado de São Paulo, segundo Sebastião, diz que a competência é da Prefeitura de Cosmópolis.

“Conversa com a DER e eles falam que a responsabilidade é da Prefeitura. Conversa com a Prefeitura e eles dizem ser responsabilidade do DER”, expõe o morador indignado. “Tenho inúmeros documentos do DER que eles enviam pra mim e fica neste impasse”, completa Dinalva. Ela confessa estar cansada situação. “Eu quero solução. Eu quero mesmo. Vou chamar a imprensa todinha. Se não resolver eu vou para cima deles”, exclama.

A equipe de reportagem do Portal Cosmopolense foi até a Rodovia SP-133 e constatou a existência de placas proibindo caminhões e ônibus de acessarem a entrada da cidade pela Rua Coronel Silva Teles. Uma das placas está localizada antes da primeira saída para a rodovia SP-332 no sentido Paulínia (SP). Já a segunda (foto) está antes da saída para a mesma rodovia, mas no sentido Artur Nogueira (SP).

Placas proíbem motoristas de veículos pesados de acessar entrada do bairro Morro Castanho

A Prefeitura de Cosmópolis, por meio de nota afirmou que a Guarda Municipal realiza fiscalizações e autuações de motoristas que desobedecem a sinalização na rodovia. E que novas câmeras de fiscalização serão instaladas na entrada do município. Segundo informações, o Poder Executivo busca diálogo com o DER para alterar o sentido do trecho urbano da rodovia.

Confira a nota na íntegra:

“A Guarda Municipal realiza um trabalho rotineiro de fiscalização e autuação dos caminhões que insistem em trafegar pelo local, apesar de toda a sinalização de proibição. Novas câmeras inteligentes, que autuam este tipo de infração, serão instaladas nesta entrada da cidade para coibir o descumprimento da lei.

A Secretaria de Segurança Pública e Trânsito também já solicitou ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Estado de São Paulo que altere o sentido da Rodovia Osvaldo Heitor Nallin após a última alça de acesso para a rodovia Professor Zeferino Vaz (SP-332). Desta forma, a rodovia ficaria apenas no sentido Cosmópolis – Limeira e nenhum veículo – seja ele de passeio ou de carga – trafegaria no sentido Limeira – Cosmópolis depois deste ponto.

O pedido visa evitar que acidentes deste tipo voltem a ocorrer”.

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